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China recebe 130 líderes estrangeiros para o terceiro fórum das "Novas Rotas da Seda", em Pequim

A China realiza o terceiro fórum sobre as "Novas Rotas da Seda" em Pequim, nos dias 17 e 18 de outubro. O evento contará com a presença de vários líderes estrangeiros, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir um vasto projeto de infraestruturas financiadas por Pequim. 

Moradores perto do centro de convenções que vai receber representantes de 130 países para o projeto da Nova Rota da Seda, da China (16/10/23).
Moradores perto do centro de convenções que vai receber representantes de 130 países para o projeto da Nova Rota da Seda, da China (16/10/23). AP - Ng Han Guan
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Conhecidas também como Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), as "Novas Rotas da Seda" consistem em um plano ambicioso impulsionado pelo presidente chinês Xi Jinping, no poder desde 2012. O objetivo de Pequim é melhorar o desenvolvimento e as ligações comerciais entre a Ásia, a Europa e a África, através do financiamento da construção de portos, ferrovias, aeroportos e parques industriais, através de milhares de milhões de dólares em empréstimos chineses. 

"O presidente chinês, Xi Jinping, participará da cerimônia de abertura do fórum, fará o discurso principal e será anfitrião de um banquete de boas-vindas para os líderes estrangeiros participantes e chefes de organizações internacionais", afirmou o ministério das Relações Exteriores chinês em comunicado.

Representantes de cerca de 130 países começam a chegar na China a partir desta segunda-feira (16), mas Vladimir Putin é esperado na quarta-feira (18). O presidente russo tem encontro marcado no mesmo dia com Xi Jinping, às margens do fórum, de acordo com o Kremlin, que garantiu que os dois líderes "discutirão de forma amigável e franca" os "problemas urgentes de cooperação prática bilateral e assuntos da atualidade".

Segundo Yuri Ushakov, conselheiro diplomático de Putin, “não está excluído” que os dois chefes de Estado se reúnam sozinhos, “cara a cara”, além de realizarem intercâmbios em “grandes grupos” e “em grupos reduzidos”.

Vladimir Putin, que viajará para Pequim junto com uma comitiva, também deverá fazer um discurso no fórum. Antes da visita, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, foi recebido na segunda-feira pelo ministro de Relações Exteriores chinês, Wang Yi. Lavrov também viajará para a Coreia do Norte na quarta-feira, disse seu ministério.

Numa entrevista à televisão chinesa, Putin considerou que as Novas Rotas da Seda são um projeto “mutuamente benéfico” para Pequim e Moscou.

“O presidente Putin observou que um mundo multipolar está tomando forma e que os conceitos e iniciativas apresentados pelo presidente Xi Jinping são muito relevantes e importantes”, destacou o canal chinês em língua inglesa CGTN.

"Sem limites"

A China e a Rússia, que são vizinhas, partilham o desejo de enfrentar o que apresentam como hegemonia americana e tornaram-se mais próximas desde a intervenção russa na Ucrânia.

Desde a visita do número um chinês ao Kremlin, em março passado, e diante do crescente isolamento da Rússia, Moscou e Pequim têm defendido um reforço de sua cooperação econômica e militar no quadro de uma amizade oficialmente descrita como “ilimitada”.

A visita de Vladimir Putin à China é a sua primeira viagem a uma grande potência mundial desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, que Pequim não condenou.

Vários líderes estrangeiros chegaram a Pequim antes do fórum, incluindo o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, o presidente chileno, Gabriel Boric, o queniano William Ruto e o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, segundo a agência de notícias oficial Xinhua. O Brasil resiste à insistência chinesa para aderir ao programa. 

"Um suporte"

“O fato de um chefe de Estado estar presente na cúpula é quase um apoio às posições chinesas sobre questões globais”, estima a pesquisadora Niva Yau, da consultoria americana Atlantic Council.

O encontro diplomático organizado por Pequim ocorre num momento em que Israel prepara uma ofensiva em Gaza contra o Hamas, o que aumenta o receio de uma conflagração em toda a região. A diplomacia chinesa, que no início deste ano facilitou a aproximação entre o Irã e a Arábia Saudita, afirma regularmente que quer contribuir para o processo de paz israelo-palestino, que está paralisado desde 2014.

A guerra entre Israel e o Hamas, que deixou milhares de mortos de ambos os lados, foi desencadeada após um ataque  lançado em 7 de outubro pelo movimento islâmico palestino contra o território israelense a partir da Faixa de Gaza.

A China não nomeou especificamente o Hamas nas suas condenações à violência, atraindo críticas de algumas autoridades ocidentais.

A ação de Israel em Gaza após o ataque do Hamas vai “além do domínio da autodefesa” e o governo israelense deve parar de “punir coletivamente” os habitantes de Gaza, disse neste fim de semana o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.

O enviado chinês ao Oriente Médio, Zhai Jun, deve estar na região esta semana para promover um cessar-fogo, informou no domingo (15) a televisão estatal CCTV, sem especificar quais os países que visitaria.

Os fóruns anteriores das "Novas Rotas da Seda" foram organizados em 2017 e 2019.

Mais de 150 países aderiram ao projeto, criticado pelo risco de dívida que impõe aos países pobres, o que a China nega veementemente.

(com AFP)

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