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Igualdade de gêneros precisará de 300 anos para ser alcançada, diz secretário-geral da ONU

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou na segunda-feira (6) que serão necessários 300 anos para alcançar a igualdade entre homens e mulheres. Segundo o chefe das Nações Unidas, é preciso fazer frente ao patriarcado.  

Manifestante exibe adesivo com a mensagem "não à precariedade" durante um ato do Dia Internacional da Mulher, em Madri, sexta-feira, 8 de março de 2019.
Manifestante exibe adesivo com a mensagem "não à precariedade" durante um ato do Dia Internacional da Mulher, em Madri, sexta-feira, 8 de março de 2019. AP - Bernat Armangue
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"Avanços obtidos em décadas estão evaporando diante de nossos olhos", declarou Guterres na abertura de uma reunião da Comissão sobre a Situação da Mulher da ONU, em Nova York. "No ritmo atual, a ONU Mulher prevê que serão necessários 300 anos" para a igualdade entre homens e mulheres, advertiu.

No anfiteatro da Assembleia Geral, o secretário-geral das Nações Unidas considerou que “os direitos das mulheres sofreram abusos, foram ameaçados e violados em todo o mundo”. Guterres citou a situação no Afeganistão, onde mulheres e meninas têm sido "apagadas da vida pública"

Além disso, recordou que os direitos reprodutivos e sexuais da mulher em muitas partes estão "em retrocesso", sem contar os riscos de sequestros e ataques em alguns países, até mesmo pela polícia.

A pandemia de Covid-19 e os conflitos - da Ucrânia ao Sahel, na África - afetaram e seguem afetando "em primeiro lugar" as pessoas do sexo feminino, indicou. "O patriarcado contra-ataca, mas responderemos", prometeu Guterres, lembrando que a ONU "permanece ao lado das mulheres e meninas de todo o mundo".

O chefe das Nações Unidas também mencionou o bullying sofrido por mulheres na internet. "A desinformação misógina e as mentiras" nas redes sociais têm o objetivo de "silenciar as mulheres e obrigá-las a sair da vida pública", disse o secretário-geral. 

"As histórias podem se falsas, mas o dano é muito real", apontou, ao fazer um apelo pela mudança dos "marcos internacionais, que não estão adaptados às necessidades e aspirações das mulheres e meninas". Há países que são "contra a inclusão da perspectiva de gênero em negociações multilaterais", afirmou.

Mais mulheres na área da tecnologia

A 67ª reunião da Comissão sobre a Situação da Mulher da ONU focou na brecha tecnológica entre os gêneros. Para Guterres, promover as contribuições do sexo feminino na ciência, tecnologia e inovação "não é um ato de caridade ou um favor". Com uma maior participação das mulheres em serviços médicos online, bancos e recursos financeiros, plataformas digitais seguras e à tecnologia em geral, os benefícios "são para todos", ressaltou.

"Sem a perspicácia e a criatividade de metade do mundo, a ciência e a tecnologia realizarão apenas metade de seu potencial", alertou. Segundo ele, das 3 bilhões de pessoas ainda não conectadas à internet, a maioria é de mulheres e meninas em países em desenvolvimento.

Guterres também homenageou a pesquisadora francesa Emmanuelle Charpentier e a americana Jennifer Doudna, que integram "a primeira equipe de mulheres a ganhar um Prêmio Nobel de ciência há três anos", em química, em 2020. "As equipes masculinas venceram 172 vezes", lembrou o secretário-geral da ONU.

Esse tipo de desigualdade também é registrada em países desenvolvidos. Presente no evento, o presidente da Confederação Suíça, Alain Berset, admitiu que as mulheres seguem "ainda sub-representadas nas áreas científicas" de seu país, contabilizando "apenas 37% do total de diplomados nestes ramos".

Já Marlène Schiappa, secretária de Estado francesa responsável pela Economia Social e Solidária e Vida Associativa, também afirmou, na reunião, que "juntas, as mulheres têm o poder de fazer emergir líderes feministas através do digital".

(Com informações da AFP

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