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COP15: "A voz dos povos indígenas deve ser ouvida", afirma imprensa francesa

A Conferência Mundial da ONU para a Biodiversidade e seus impasses recebem a atenção da imprensa francesa nesta sexta-feira (16). Enquanto ministros do Meio Ambiente de todo o mundo seguem reunidos em Montreal, outros atores implicados na defesa do meio ambiente e seus recursos tentam ser ouvidos neste debate.

Membros de comunidades indígenas protestam contra a Conferência da Biodiversidade das Nações Unidas (COP15) durante a Marcha pela Biodiversidade pelos Direitos Humanos em Montreal, Quebec, Canadá, em 10 de dezembro de 2022. Cerca de 3,5 mil pessoas participaram da marcha.
Membros de comunidades indígenas protestam contra a Conferência da Biodiversidade das Nações Unidas (COP15) durante a Marcha pela Biodiversidade pelos Direitos Humanos em Montreal, Quebec, Canadá, em 10 de dezembro de 2022. Cerca de 3,5 mil pessoas participaram da marcha. AFP - ALEXIS AUBIN
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Para o jornal Libération "A voz dos povos autóctones deve ser ouvida", como deixa claro o título de sua matéria, em que foram entrevistados representantes de povos indígenas que estão no centro das negociações que acontecem em Monteral. Eles esperam que a adoção de um acordo mundial reforce seus direitos.

A publicação destaca que, com 476 milhões de pessoas divididas entre mais de 90 países, os povos autóctones representam 5% da população mundial e possuem, ocupam ou utilizam um quarto das terras preservadas, o que os torna "guardiões" de 85% da biodiversidade restante sobre a Terra.

O reconhecimento de seus direitos e seu papel está no centro da COP15 e o rascunho do acordo os cita diversas vezes. Mais que isso, sublinha o artigo, os principais objetivos da conferência das Nações Unidas, como o de proteger, no mínimo, 30% de terra e mares até 2030, não podem ser alcançados sem a participação dos povos indígenas.

No entanto, muitos temem que esta demanda não seja respeitada, prejudicada por décadas de marginalização e deslocamentos forçados, muitas vezes justificados pela própria conservação da natureza, chamado de "colonialismo verde".

Fundo de financiamento

Enquanto os povos originários se esforçam para serem ouvidos, o impasse das negociações se concentra no polêmico fundo de financiamento das nações mais ricas em benefício dos países em desenvolvimento.

Quem vem primeiro, "o ovo ou a galinha?", se pergunta a matéria do Le Monde. "Devemos primeiro concordar com o financiamento ou esperar ter compromissos sérios e depois discutir os recursos?"

Para os europeus, a lembrança de Sharm El-Sheikh ainda está fresca: durante a COP27 no Egito, eles acreditam ter "cedido" ao pedido dos países em desenvolvimento ao aceitar a criação de um fundo para "perdas e danos" - para ajudar os Estados afetados por prejuízos causados pelas mudanças climáticas – sem receber nada em troca.

Um dos países participantes e à frente das demandas, o Brasil parece fazer um jogo duplo aos olhos dos “financiadores”. É o que deixa claro o governo francês, ao declarar em nota que “nossos amigos brasileiros têm de se comprometer com um nível maior de ambição”.

Vale lembrar que a área desmatada no Brasil em novembro atingiu 555 km2, um aumento de 123% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados do sistema Deter-B, do Inpe, divulgados na última sexta-feira (9). este é o segundo pior resultado da série histórica iniciada em 2015, perdendo apenas para o segundo ano do governo Bolsonaro, em 2020, quando a área desmatada em novembro chegou a 563 km2.

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