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Mais de 300 pessoas morreram na repressão a protestos no Irã, segundo autoridades

As autoridades iranianas divulgaram um balanço de mais de 300 mortos nos protestos registrados no país desde meados de setembro, após a detenção e morte da jovem Mahsa Amini, acusada de violar o rígido código de vestimenta feminino do país.

Torcedora iraniana antes do início do jogo entre Irã e País de Gales, na sexta-feira (25).
Torcedora iraniana antes do início do jogo entre Irã e País de Gales, na sexta-feira (25). AP - Alessandra Tarantino
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A morte durante a detenção no dia 16 de setembro de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, provocou uma onda de manifestações em Teerã e em várias províncias do país. Os protestos foram reprimidos com grande violência pelas forças de segurança.

"Não tenho os dados mais recentes, mas acredito que tivemos, talvez, mais de 300 pessoas mortas como resultado desses incidentes", afirmou, em referência às forças de segurança e aos manifestantes, o general Amirali Hajizadeh, comandante da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, o exército de elite do Irã, em um vídeo divulgado pela agência Mehr.

O número inclui dezenas de policiais, soldados e milicianos mortos em confrontos com manifestantes ou assassinados, segundo as autoridades iranianas.

Ao mesmo tempo, a ONG Iran Human Rights, com sede em Oslo, afirma que a "repressão dos protestos no Irã" deixou pelo menos 416 mortos.

Este número inclui os mortos na violência registrada após os protestos pela morte de Amini, assim como as vítimas fatais nos distúrbios ocorridos na província de Sistão-Baluchistão (sudeste do país).

Nessa província de maioria sunita - o restante do país tem maioria xiita – aconteceram manifestações no final de setembro após a divulgação da notícia do suposto estupro de uma adolescente de 15 anos por parte de um policial. Os protestos também foram violentamente reprimidos, segundo a Iran Human Rights.

Nas manifestações pela morte de Mahsa Amini, milhares de iranianos e quase 40 estrangeiros foram detidos, e mais de 2.000 pessoas indiciadas, segundo as autoridades judiciais.

Entre os réus, seis foram condenados à morte em primeira instância e o destino deles agora depende da Suprema Corte, que deve se pronunciar sobre os recursos de apelação.

Mais de 1.100 pessoas libertadas

Desde a Revolução Islâmica de 1979, todas as mulheres são obrigadas por lei a cobrir seus cabelos em público com um véu e a usar roupas consideradas discretas. A polícia da moralidade patrulha as ruas para verificar o cumprimento desta norma.

Nas últimas duas décadas, no entanto, muitas mulheres não cobrem os cabelos em Teerã e outras grandes cidades do Irã.

A morte de Mahsa Amini provocou uma grande indignação entre a população. E os efeitos foram sentidos inclusive na Copa do Mundo do Catar, onde os jogadores da seleção iraniana não cantaram o hino nacional na partida da semana passada contra a Inglaterra (derrota de 6-2), como forma de protesto.

Nesta terça-feira, o Irã enfrenta a seleção dos Estados Unidos em Doha em busca da classificação para as oitavas de final do Mundial, em uma partida pela terceira rodada do Grupo B com um grande peso político.

Ao mesmo tempo, a justiça iraniana anunciou a libertação de mais de 1.100 detentos após a vitória de sexta-feira (2-0) da seleção iraniana contra o País de Gales.

"Depois de uma ordem do chefe do Poder Judiciário após a vitória da seleção nacional, 1.156 detidos foram libertados das prisões de 20 províncias do país", informou nesta terça-feira a agência da Autoridade Judicial, Mizan Online. O comunicado afirma que o número inclui pessoas detidas durante os protestos recentes.

Na segunda-feira, a mesma agência havia informado que 709 pessoas haviam sido libertadas.

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