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Míssil disparado pela Coreia do Norte cai em águas sul-coreanas pela primeira vez em 66 anos

A Coreia do Norte disparou, nesta quarta-feira (2), pelo menos 23 mísseis, incluindo um que chegou muito perto das águas territoriais da Coreia do Sul. O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol denunciou "uma invasão territorial", a primeira desde o final da guerra entre os dois países, em 1953. 

Militar sul-coreano passa diante de uma TV em uma estração de trem em Seul exibindo imagens de um dos lançamentos de mísseis da Coreia do Norte nesta quarta-feira (2).
Militar sul-coreano passa diante de uma TV em uma estração de trem em Seul exibindo imagens de um dos lançamentos de mísseis da Coreia do Norte nesta quarta-feira (2). AP - Ahn Young-joon
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Inicialmente, o exército sul-coreano informou que Pyongyang havia disparado 10 mísseis. Depois afirmou que, após os primeiros lançamentos, outros 13 projéteis foram lançados por Pyongyang, totalizando 23. 

A Coreia do Norte também fez 100 disparos de artilharia em uma área de fronteira marítima. Para especialistas essa é uma resposta "agressiva e ameaçadora" do regime norte-coreano aos exercícios militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. 

Essa rajada de tiros levou Seul a realizar um raro alerta de ataque aéreo na ilha de Ulleungdo, no leste, e a pedir a seus habitantes que se refugiassem em bunkers subterrâneos. Segundo o exército sul-coreano, um dos projéteis lançados por Pyongyang cruzou a linha de fronteira norte, a disputada fronteira marítima entre os dois países, e caiu próximo às águas territoriais do Sul.

É "a primeira vez desde que a península foi dividida", no final da Guerra da Coreia, em 1953, que um míssil norte-coreano cai tão perto das águas territoriais do Sul, apontou. O Exército também explicou que o míssil mais próximo caiu no mar a apenas 57 quilômetros da Coreia do Sul, descrevendo o lançamento como "altamente incomum e intolerável".

Em um comunicado, o presidente sul-coreano assegurou que o incidente "constitui uma invasão territorial de fato com um míssil que cruzou a linha de fronteira norte pela primeira vez desde a divisão" da península. Yoon Suk-yeol convocou uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional para discutir o incidente e ordenou uma "resposta rápida e severa" a essas "provocações".

Em seguida, os militares sul-coreanos dispararam três mísseis terra-ar perto do ponto onde o controverso projétil norte-coreano caiu. As autoridades do país também cancelaram as rotas aéreas sobre o Mar do Japão, a leste da península, e recomendaram que as companhias aéreas locais desviem suas aeronaves para "garantir a segurança dos passageiros nas rotas para os Estados Unidos e o Japão".

Manobras conjuntas são vistas como provocação

Os disparos de Pyongyang ocorrem em meio às maiores manobras conjuntas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, apelidadas de "Storm Watcher" (Tempestade Vigilante), envolvendo centenas de aviões de guerra de ambos os lados. Pak Jong Chon, um funcionário do alto escalão norte-coreano, chamou esses exercícios de agressivos e provocativos, de acordo com a mídia estatal. Segundo ele, o nome do exercício faz o regime norte-coreano pensar na Operação Tempestade no Deserto, a ofensiva dos Estados Unidos de 1990-1991 no Iraque em resposta à invasão do Kuwait.

"Se os Estados Unidos e a Coreia do Sul pretendem usar as forças armadas contra a República Popular Democrática da Coreia sem medo, os meios especiais das forças armadas da RPDC mobilizarão sua missão estratégica sem demora", garantiu. "Os Estados Unidos e a Coreia do Sul enfrentarão uma situação terrível e pagarão o preço mais horrível da história", acrescentou.

De acordo com o analista Cheong Seong-chang, do Instituto Sejong, esses disparos são a "manifestação armada mais agressiva e ameaçadora contra o Sul desde 2010". Em março daquele ano, um submarino norte-coreano torpedeou um navio sul-coreano, matando 46 tripulantes, 16 dos quais cumpriam o serviço militar obrigatório. Em novembro de 2010, Pyongyang bombardeou uma ilha fronteiriça sul-coreana, matando dois jovens marinheiros.

O isolado país comunista, dotado de capacidade nuclear, realizou uma série recorde de testes de armas este ano e, segundo Seul e Washington, está preparando um novo teste nuclear, que seria o primeiro desde 2017. 

(Com informações da AFP

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