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Talibãs dispersam protesto de mulheres em Cabul, no Afeganistão

Os talibãs dispersaram de forma violenta, com tiros para o ar e coronhadas, uma manifestação de mulheres exigindo o direito ao trabalho e à educação neste sábado (13) em Cabul, no Afeganistão, quase um ano depois de terem tomado o poder no país. 

Manifestação de mulheres em frente ao ministério da Educação, em Cabul.
Manifestação de mulheres em frente ao ministério da Educação, em Cabul. © Clea Broadhurst / RFI
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Cerca de 40 mulheres, que gritavam "Pão, trabalho e liberdade!", caminharam em frente ao ministério da Educação. Mas cerca de cinco minutos após o início da marcha, um grupo de combatentes do Talibã as dispersou disparando rajadas para o ar.

As manifestantes carregavam uma faixa que dizia: "15 de agosto é um dia sombrio", referindo-se à data da tomada de Cabul em 2021 pelo Talibã.

"Justiça, justiça. Estamos fartas da ignorância", gritavam antes da dispersão.

Os talibãs, em uniforme militar e armados com rifles, bloquearam a passagem e começaram a atirar para o ar por vários segundos. Segundo um repórter da AFP, um deles simulou um tiro contra as manifestantes.

Algumas manifestantes se refugiaram em lojas próximas, mas foram perseguidas e agredidas com coronhadas. "Infelizmente, os talibãs que fazem parte dos serviços de inteligência vieram e atiraram para o ar", disse à AFP Zholia Parsi, uma das organizadoras da manifestação.

"Eles dispersaram as meninas, arrancaram suas faixas e confiscaram os celulares de muitas delas", acrescentou.

Munisa Mubariz, uma das manifestantes, prometeu continuar lutando pelos direitos das mulheres. "Se o Talibã quiser silenciar essa voz, não conseguirá. Vamos protestar de nossas casas".

Os talibãs também espancaram alguns jornalistas que cobriam o protesto. As manifestações de mulheres para exigir mais direitos são cada vez mais raras na capital, especialmente após a prisão no início do ano de várias organizadoras.

Véu obrigatório

 Depois de retornar ao poder em agosto de 2021, os fundamentalistas islâmicos acabaram gradualmente com as liberdades que as mulheres conquistaram nos últimos 20 anos, após a queda de seu regime anterior (1996-2001). O Talibã impôs uma série de restrições à sociedade civil, muitas das quais destinadas a submeter as mulheres à sua concepção fundamentalista do Islã.

Na última restrição, anunciada no início de maio, o governo publicou um decreto, aprovado pelo líder supremo do Talibã e do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, que tornou obrigatório que as mulheres cubram totalmente seus corpos e rostos em público.

O Talibã disse que preferia a burca, que já era obrigatório em seu primeiro governo, mas indicou que toleraria outros tipos de véus mostrando apenas os olhos. Também determinou que, a menos que tenham uma razão convincente para sair, é "melhor que as mulheres fiquem em casa".

 As Nações Unidas e grupos de direitos humanos criticaram nos últimos meses o governo talibã por impor as restrições às mulheres. 

(Com informações da AFP)

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