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UE aprova vacina contra varíola dos macacos: entenda por que OMS decretou alerta máximo

A Comissão Europeia aprovou nesta segunda-feira (25) a utilização da vacina Imvanex, do grupo dinamarquês Bavarian Nordic, contra a varíola dos macacos. O sinal verde de Bruxelas ocorre dois dias depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado o alerta máximo sobre a doença.

Homem é vacinado contra a varíola dos macacos em um centro de saúde de Nova York, nos Estados Unidos, em 15 de julho de 2022.
Homem é vacinado contra a varíola dos macacos em um centro de saúde de Nova York, nos Estados Unidos, em 15 de julho de 2022. REUTERS - EDUARDO MUNOZ
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Na última sexta-feira (22), a Agência Europeia de Medicamentos já havia dado o seu acordo para a extensão do uso da vacina que é utilizada desde 2013 contra a varíola convencional. Em comunicado, a farmacêutica dinamarquesa comemorou a decisão.

"Essa aprovação [do produto] contra a varíola dos macacos é um exemplo da boa cooperação entre a Bavarian Nordic e os reguladores europeus. A extensão do uso dura normalmente entre seis a nove meses", afirma a nota. Segundo o grupo, a autorização vale para todos os países-membros da União Europeia (UE), bem como para a Islândia, Liechtenstein e a Noruega, que não fazem parte do bloco. 

Quase 17 mil casos da doença já foram registrados pelo mundo, principalmente na Europa. A maioria das contaminações diz respeito a homens que tiveram relações sexuais com outros homens. 

Quatro pontos sobre a varíola dos macacos

Entenda por que a OMS lançou o sinal de alerta, em quatro questões:

1- Quem decide o nível de alerta?

É o diretor da OMS o encarregado por definir se um incidente constitui uma emergência em matéria de saúde pública internacional. Ele toma a decisão diante das informações que recebe e dos critérios e procedimentos previstos no regulamento sanitário internacional. Ele deve também pedir a opinião do chamado "comitê de emergência", composto por especialistas escolhidos sobre uma base de competências e experiências.

Foi o chefe da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, quem decidiu determinar o mais alto nível de alerta sobre a varíola dos macacos, apesar da divisão dos especialistas do comitê sobre a questão. Nove deles se pronunciaram contra a decisão, diante de outros seis, que defenderam a medida. 

2 - O que significa uma emergência de saúde pública internacional?

Segundo o regulamento sanitário internacional, o nível máximo de alerta corresponde a "um incidente extraordinário que constitui um risco para a saúde pública em outros Estados devido as chances de propagação internacional de doenças e que requer uma ação internacional coordenada". 

Essa foi a sétima vez que a OMS lançou um alerta máximo desde que foi criada, em 1948. Na prática, a classificação é utilizada em situações "graves, repentinas, inabituais ou inesperadas". 

3 - Qual é a situação da varíola dos macacos hoje no mundo? 

Desde o incio de maio, o vírus já contaminou quase 17 mil pessoas em 74 países, segundo dados do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. A Europa é o continente mais afetado: 3.125 casos já foram registrados na Espanha, seguida pelo Reino Unido (2.208) e a França (1.567).

Nesta segunda-feira, o Japão anunciou o seu primeiro caso de varíola dos macacos. Trata-se de um paciente do sexo masculino que voltou ao país recentemente do exterior. Sem dar maiores detalhes, as autoridades japoneses indicaram que o doente está hospitalizado. 

Normalmente, a varíola dos macacos é endêmica somente no continente africano. Desde 1970, os casos se concentram em onze países da África. 

Segundo a OMS, "todas as pessoas que tiveram contato físico com alguém que apresenta sintomas da doença, ou com um animal infectado, corre um risco elevado de contaminação". No entanto segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, "o aumento de casos se concentra entre homens que tiveram relações sexuais com outros homens, em particular entre aqueles que têm múltiplos parceiros". Segundo ele, esse é um sinal de que "a propagação da doença pode ser interrompida com as boas estratégias direcionadas a este grupo". 

O diretor da OMS também fez um apelo contra o preconceito aos doentes. "A estigmatização e a discriminação podem ser tão perigosas quanto qualquer vírus", sublinhou. 

4 - Quais medidas foram colocadas em prática para lutar contra a doença?

Depois de lançado o alerta, ações começam a ser colocadas em prática. "Uma resposta coordenada e internacional é essencial para por um fim à propagação da varíola dos macacos", declarou o coordenador do escritório da Casa Branca sobre pandemias, Raj Panjabi, em um comunicado. Para ele, "é preciso proteger os grupos de risco para que não contraiam a doença, e lutar contra a epidemia". 

As autoridades apostam na vacinação, depois do sinal verde das autoridades europeias. Nos Estados Unidos, o imunizante Imvanex, comercializado sob o nome de Jynneos, é autorizado para ser utilizado contra o vírus desde 2019. O país já deu início à vacinação. Esse é, aliás, o único fármaco homologado contra a doença no mundo. 

Como medida de prevenção, a OMS também recomenda que quem teve contato físico com alguém contaminado pelo vírus que causa a varíola dos macacos encoraje o doente a se isolar. Outra medida que ajuda a dificultar a propagação do patógeno é cobrir as lesões cutâneas que ele causa. 

"Lave as roupas, toalhas, lençóis e utensílios de cozinha que o doente utilizou com água quente e detergente, e elimine todos os dejetos contaminados (como curativos, por exemplo) de maneira apropriada", aconselha a OMS. 

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