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Ursos polares se adaptam ao derretimento no Ártico e vivem em geleiras de água doce na Groenlândia

O rápido derretimento do gelo marinho no Ártico representa uma séria ameaça à sobrevivência dos ursos polares, que costumam usar o gelo composto de água do mar para caçar. Essa nova população, no entanto, usa pedaços de gelo que se desprendem das geleiras de água doce da região.

Um urso polar sobre geleiras no Estreito de Franklin, no Arquipélago Ártico canadense. Imagem ilustrativa.
Um urso polar sobre geleiras no Estreito de Franklin, no Arquipélago Ártico canadense. Imagem ilustrativa. AP - David Goldman
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Os cientistas identificaram esses ursos no sudeste da Groenlândia. A descoberta, descrita em um estudo publicado nesta quinta-feira (16) na revista Science, dá esperanças de que pelo menos alguns representantes dessa espécie possam sobreviver durante esse século. A notícia foi divulgada no momento em que a França enfrenta uma onda de calor acima do normal.

Enquanto o gelo marinho (formado pela água do mar) fornece uma plataforma de caça para a maioria dos cerca de 26.000 ursos polares do Ártico, os animais só têm acesso a ele no sudeste da Groenlândia durante quatro meses do ano, entre fevereiro e o final de maio. Durante os outros oito meses, esses animais usam pedaços de gelo de água doce, que se desprendem das geleiras e acabam diretamente no mar.

“Uma das grandes questões é onde os ursos polares poderão viver”, explica Kristin Laidre, cientista da Universidade de Washington e do Instituto da Groenlândia de Recursos Naturais. “Considerando que o gelo marinho do Ártico deve desaparecer completamente no verão, eu acho que ursos vagando por um lugar como esse podem nos dizer muito [sobre onde] isso pode acontecer”, acrescenta.

A princípio, este novo grupo tem várias centenas de indivíduos. Os ursos foram equipados com dispositivos de rastreamento por satélite e tiveram amostras de DNA coletadas, seja capturando alguns deles ou usando dardos para fazer as biópsias. "Sabemos que essa população viveu separadamente de outros ursos polares por pelo menos várias centenas de anos", afirma Beth Shapiro, coautora do estudo e geneticista da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

O seu isolamento decorre da geografia de onde eles vivem: uma paisagem complexa de vales rochosos inundados pelo mar, no extremo Sul da Groenlândia, bem abaixo do Círculo Polar Ártico. De lá, eles não têm para onde ir.

Kristin Laidre adverte, no entanto, que devemos tomar cuidado para não depositar muitas esperanças neste estudo. Os ursos polares não serão salvos sem uma ação urgente para combater as mudanças climáticas. Esta população pode ter uma melhor chance de sobrevivência, entretanto, do que as demais. E outras regiões da Groenlândia têm geleiras que terminam diretamente no mar, podendo, no futuro, se tornar pequenos refúgios climáticos.

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