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"Tenho medo quando minha casa treme, mas não quero deixá-la”: a vida sob bombardeios em Kharkiv

Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia, é um dos principais alvos atuais dos bombardeios das forças de Moscou. Mesmo se a região sofre ataques intensos e boa parte da população já fugiu, alguns moradores preferem permanecer em suas casas, onde sobrevivem graças às raras missões humanitárias que chegam até o local. Os enviados da RFI acompanharam uma dessas operações de ajuda.

Homem anda nas ruas de Kharkiv, cidade parcilamente destruídas pelos ataques das forças russas.
Homem anda nas ruas de Kharkiv, cidade parcilamente destruídas pelos ataques das forças russas. REUTERS - ALKIS KONSTANTINIDIS
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Marie Normand e Julien Boileau, enviados especiais da RFI a Kharkiv

Yurii e Andrii fazem parte dos voluntários que tentam ajudar os moradores de Kharkiv. Apesar dos ataques quase permanentes, eles fazem incursões constantes, entre dois bombardeiros, para servir refeições aos moradores nas regiões atingidas.

Equipados com coletes à prova de bala e revólveres, eles transportam comida e medicamentos em operações realizadas em ritmo acelerado. “Não dá para demorar muito”, resume Yurii ao chegar em Saltivka, bairro situado no nordeste de Kharkiv. “Não podemos ficar mais de três minutos em frente de cada casa”, explica o voluntário diante de um morador idoso que o aguardava, sorrindo.

Yurii sabe que o intervalo entre cada bombardeio é imprevisível. “Os mísseis sobrevoam aqui, ali... O tempo todo”, confirma o morador, que vive há apenas dois quilômetros das primeiras posições das tropas russas.

Ao redor de sua residência, os telhados das casas estão destruídos e as ruas repletas de crateras, vestígios dos últimos ataques.

Nesse momento um novo bombardeio é ouvido nos arredores, e os voluntários têm que interromper a missão. Mesmo assim, Andrii diz que não pretende abandonar seu projeto de ajuda aos moradores. “Acredito que a situação vai se agravar, mas nós vamos continuar atuando aqui e a Ucrânia vai ganhar! Não temos outra opção”, insiste o rapaz.  

Até porque ele sabe que alguns moradores, principalmente idosos, não pretendem deixar a cidade, apesar da intensificação da ofensiva de Moscou. Muitos, como Yevgenia, preferem enfrentar a tensão diária: “Tenho muito medo quando minha casa começa a tremer. Mas eu não quero abandoná-la”, afirma a senhora.

Ataques também se intensificam em Mariupol

As forças russas também intensificam o cerco a Mariupol, cidade portuária estratégica no sudeste da Ucrânia, que os soldados de Kiev tentam defender. Cercada há mais de 40 dias pelo exército russo e destruída em grande parte, a situação humanitária na localidade é dramática.

O conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podoliak afirmou no Twitter que "dezenas de milhares" de pessoas morreram na cidade e "90% das casas" foram destruídas.

A conquista de Mariupol permitiria aos russos consolidar suas conquistas territoriais na faixa costeira do Mar de Azov, ligando assim as regiões do Donbass com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Mas as forças ucranianas "continuam defendendo Mariupol", como afirmou na segunda-feira (11) o exército do país, que destacou em um comunicado seguir em contato com as unidades que "mantêm heroicamente a cidade".

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