Jornais franceses destacam importância da comunicação de Zelensky como arma na guerra da Ucrânia

A imprensa francesa desta terça-feira (22) se interessa pelo casal Zelensky, o presidente e a primeira-dama da Ucrânia, e pela importância da estratégia de comunicação do chefe de Estado ucraniano.

Volodymyr Zelenskiy, e sua esposa Olena Zelenska no segundo turno das eleições presidenciais em Kiev, Ucrânia, domingo, 21 de abril de 2019. ASSOCIATED PRESS - Sergei Grits

"Zelensky, o irredutível", diz a manchete do Libération sobre o presidente que “ontem era alvo de piadas por sua inexperiência e seu passado de ator” e “hoje fala aos Parlamentos do mundo inteiro”. O "presidente ucraniano se transformou em símbolo da resistência de seu país" e ganhou a admiração até mesmo de seus opositores, afirma o jornal.

Para o Libération, a difusão diária, desde o início da guerra, dos vídeos do presidente, alguns com legendas em inglês, são "um pequeno golpe de mestre". Eles "tranquilizam ao mesmo tempo que incentivam os ucranianos, e causam admiração no Ocidente".

O jornal descreve a trajetória de Zelensky, que nasceu em 1978 na cidade industrial de Kryvyi Rih, no centro do país, em uma família de judeus que falavam russo. Filho de um pai professor universitário e uma mãe engenheira, ele estudou direito e em paralelo participava do KVN, um famoso programa de televisão da ex-União Soviética.

Presidente ator

Com sua trupe do KVN, ele lança uma empresa de produção. "Em uma Ucrânia pós-soviética, ávida pela leveza da televisão, Zelensky explora a comédia" e trabalha como ator, produtor e roteirista de programas e filmes.

Seu nome passou a ser conhecido na Ucrânia e também na Rússia. Seu último papel em uma série de televisão, entre 2015 e 2019, foi o de um professor de história honesto que, cansado da corrupção de seu país, é incentivado pelos alunos a lançar sua candidatura e acaba se transformando em presidente da Ucrânia.

Como ator, "ele utiliza hoje perfeitamente seu corpo como ferramenta na guerra de comunicação que o opõe ao Kremlin", analisa o jornal. As cenas diante de hospitais, em seu escritório ou nas ruas de Kiev são “milimetricamente pensadas”, diz Libé. Para a publicação, a resposta de Zelensky à administração americana que propunha evacuá-lo, "não preciso de um táxi, preciso de munição", poderia ter saído de um filme de Hollywood.

Grande conhecimento sobre comunicação

O jornal Le Parisien publica uma entrevista exclusiva com a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska. Esta é a primeira vez que a esposa do presidente se exprime, desde o começo da invasão russa.

Na entrevista, Zelenska fala sobre a operação realizada conjuntamente com a França e a Polônia para a retirada de crianças com câncer da Ucrânia para serem tratadas em outros países. A primeira-dama também defende a criação de corredores humanitários para a evacuação de civis, principalmente na cidade de Mariupol.

De acordo com Le Parisien, Zelenska possui, como o marido, para quem ela trabalhou como roteirista, "um grande conhecimento sobre comunicação. Uma arma estratégica nessa guerra".