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Tensão marca retomada de negociações para ressuscitar Acordo Nuclear com Irã

Após cinco meses de interrupção, começa nesta segunda-feira (29) em Viena, na Áustria, uma nova rodada de negociações sobre o acordo nuclear iraniano. O objetivo é ressuscitar o Acordo Nuclear que foi esvaziado com o abandono dos Estados Unidos, em 2018, durante o governo de Donald Trump. Nesse período, o Irã retomou suas atividades de enriquecimento de urânio e Teerã acusa Israel de vários ataques contra suas instalações nucleares.

As negociações internacionais sobre o programa nuclear iraniano recomeçam nesta segunda-feira (29) em Viena, com a delegação de Teerã determinada a obter um acordo, embora os analistas antecipem grandes obstáculos para uma retomada rápida do acordo de 2015.
As negociações internacionais sobre o programa nuclear iraniano recomeçam nesta segunda-feira (29) em Viena, com a delegação de Teerã determinada a obter um acordo, embora os analistas antecipem grandes obstáculos para uma retomada rápida do acordo de 2015. REUTERS - LISI NIESNER
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A retomada das negociações acontece após a eleição de um presidente ultraconservador no Irã este ano: Ebrahim Raissi.

A delegação iraniana terá discussões com os representantes chineses, russos, franceses, britânicos e alemães, além de conversas indiretas com o emissário dos Estados Unidos, Robert Malley.

Ao deixar o acordo firmado pelo ex-presidente Barack Obama, Donald Trump restabeleceu sanções que estão sufocando a economia iraniana. Depois disso, o Irã passou gradualmente a ampliar suas atividades além dos limites. Isso tudo deve ser revisto agora.

A delegação iraniana no encontro é composta por cerca de 40 membros e chefiada por Ali Bagheri Kani, um conservador, explica o correspondente da RFI em Teerã, Siavosh Ghazi.

Do lado iraniano, o tom é bastante firme: Ali Bagheri Kani, que representa um governo menos inclinado ao diálogo do que na era Rouhani, declarou que o objetivo principal era o fim de todas as sanções americanas. Ele acrescentou que o Irã não confia no Ocidente e não repetirá os erros do passado. “O povo iraniano não se submeterá a ameaças militares e sanções econômicas”, promete o chefe da delegação enviada por Teerã.

Programa civil?

O Irã produz centrífugas de última geração e mais rápidas, o que permite ao país acelerar seu programa de enriquecimento de urânio. Atualmente, o Irã enriquece urânio a um grau que tem nada a ver com um programa civil, e “seu estoque de material nuclear está aumentando perigosamente”, relata a Agência Internacional de Energia Atômica em seus relatórios.

Durante um ano, o Irã limitou consideravelmente a sua cooperação com a agência da ONU. Nessas condições, as negociações parecem bastante difíceis e podem se arrastar por muito tempo.

Várias reuniões bilaterais já aconteceram neste domingo (28) na capital austríaca, como relata o enviado especial da RFI, Nicolas Falez. Todos os cenários são possíveis nesta fase, incluindo o fracasso total das negociações.

Israel se opõe

“Quem quer a paz se prepara para a guerra”. Quando se trata do Irã, a doutrina israelense é clara, explica uma fonte diplomática familiarizada com o assunto. O Estado hebraico defende uma postura forte contra Teerã e tenta encontrar aliados em sua cruzada, relata o correspondente da RFI em Jerusalém, Sami Boukhelifa.

Tel Aviv está convencida de que nenhum diálogo é possível com Teerã. De acordo com autoridades israelenses, o regime dos aiatolás entende apenas uma linguagem: a força. Portanto, a única maneira de convencê-los para que seu programa nuclear permaneça puramente civill é uma "ameaça bélica", detalha a mesma fonte.

Enquanto europeus, americanos, russos e chineses querem dar uma chance à diplomacia, os israelenses intensificam encontros com as grandes potências e com seus novos aliados árabes no Golfo, na esperança de formar uma grande coalizão militar que dissuadiria a República Islâmica de responder a um ataque israelense.

Porém, no momento, ninguém quer seguir Israel em sua campanha e o Estado hebreu não deseja entrar em uma guerra declarada com a República Islâmica por conta própria, conclui uma fonte ligada à Israel.

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