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Ong questiona parcialidade de Justiça turca às vésperas de audiência sobre assassinato de jornalista

Às vésperas de uma nova audiência do julgamento à revelia de 26 acusados sauditas pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em Istambul, em outubro de 2018, a organização Repórteres sem fronteiras (RSF) questiona a imparcialidade política da justiça turca.

Manifestantes seguram imagens de Jamal Khashoggi, jornalista saudita assassinado, em Istambul em 2018.
Manifestantes seguram imagens de Jamal Khashoggi, jornalista saudita assassinado, em Istambul em 2018. REUTERS/Osman Orsal/File Photo
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Em um comunicado publicado nesta segunda-feira (22), a organização de defesa da imprensa pede às autoridades turcas que “tomem medidas imediatas para levar diante da Justiça” as pessoas envolvidas no assassinato, “seja quem encomendou, instigou ou executou”.

Na quinta audiência desde o início do processo pela morte do jornalista saudita, realizada em um tribunal de Istambul nesta terça-feira (23), os acusados novamente estarão ausentes.

“Os 26 acusados à revelia [sem sua presença] envolvidos no caso, que começou a ser julgado em 3 de julho de 2020, são todos cidadãos sauditas”, lembra RSF. Nenhum deles se apresentou à Justiça.

Relatório

Nas últimas audiências, a Corte se recusou a aceitar como prova os relatórios do serviço secreto americano sobre o crime, como pedia a noiva de Kashoggi, Hatice Cengiz, que é cidadã da Turquia.

Segundo o relatório, cuja publicação foi ordenada pelo próprio presidente americano Joe Biden, o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman “validou” o assassinato do jornalista. Mas “o juiz declarou que o relatório não ‘acrescentava nada ao caso’”, lembra a RSF.

Após a abertura do processo em julho de 2020, várias testemunhas foram ouvidas, entre elas três empregados turcos do consulado da Arábia Saudita onde Kashoggi foi assassinado quando foi buscar documentos necessários para seu casamento.

O fato de “a acusação e a corte não terem examinado a ligação que poderia existir entre este assassinato e Mohammed bin Salman não deixa de ser preocupante”, insiste a RSF, que pergunta se a justiça turca será “capaz de fazer justiça sem influência política”.

A organização lembra outro caso semelhante, o assassinato do editorialista do jornal curdo Ozgur Gundem, Musa Anter, em setembro de 1992. A próxima audiência na quarta-feira (24), em Ancara, será realizada 29 anos após os fatos, e faltando apenas um ano para sua prescrição.

Corte sob influência

“Ainda que o Estado turco tenha reconhecido seu envolvimento na morte de Musa Anter e apresentado suas desculpas em 1998, provavelmente nunca se fará justiça”, lamenta a RSF que denuncia “a influência política exercida sobre o processo judiciário na Turquia”, país no qual “quase 40 jornalistas foram assassinados ou desapareceram desde os anos 1990”.

“A impunidade dos crimes contra jornalistas continua sendo um problema”, colocando a Turquia no 153º lugar entre 180 países no ranking mundial da liberdade de imprensa estabelecido pela RSF em 2021.

Com informações da AFP

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