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WTA pede explicações sobre o desaparecimento da tenista chinesa Peng Shuai

A Associação do Tênis Feminino (WTA) pediu para o governo chinês investigar as denúncias de agressão sexual da jogadora Peng Shuai contra o vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli. Shuai é ex-líder do ranking mundial de duplas e campeã em Roland Garros nesta categoria. Após as declarações da atleta, seu nome desapareceu das redes sociais e da mídia chinesas, o que levou as militantes feministas do país a escreverem mensagens de apoio à tenista, projetadas em muros e pontes de cidades chinesas.

A jogadora de tênis Peng Shaui desapareceu após ter denunciado a agressão sexual da qual foi vítima
A jogadora de tênis Peng Shaui desapareceu após ter denunciado a agressão sexual da qual foi vítima AP - Andy Brownbill
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Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim

Na noite de domingo (14) para segunda, frases como "Peng Shuai, estamos com você" ou "Esperamos que você esteja em segurança", escritas em formato de bolas de tênis, apareceram projetadas em fachadas e pontes em vários locais do país. As fotos, realizadas pelo movimento FreeChineseFeminist, foram publicadas no Twitter, mas é impossível identificar onde elas foram feitas. A rede social é uma das únicas no país impossível de ser rastreada pela censura do regime comunista.

Desde que as acusações contra o vice-premiê vieram à tona, no início de novembro, e foram publicadas na rede chinesa Weibo, todas as alusões ao nome da jogadora foram apagadas pelos censores. As buscas com a palavra tênis feitas no buscador Baidu não resultam em respostas nesta segunda-feira (15).

Em sua mensagem, que foi censurada, a a jogadora acusou Zhang Gaoli, considerado um político próximo ao atual primeiro-ministro, Li Keqiang, de obrigá-la a ter relações sexuais. De acordo com capturas de tela que circularam na internet no início de novembro, a tenista de 35 anos acusou o ex-vice-premiê, um dos homens mais poderosos da China entre 2013 e 2018, de tê-la "forçado" a fazer sexo e depois a manter uma relação durante anos. Na longa mensagem exibida nas capturas de tela, Peng afirma que estava "muito assustada".

"A princípio, rejeitei e continuei chorando", escreveu Shuai. Além disso, o texto afirma que os dois tiveram um relacionamento que durou até pouco tempo, mas recentemente o político parou de manter contato com ela. A tenista supostamente afirma não ter provas, mas acrescenta que a esposa de Zhang sabia.

Denúncia polêmica

Esta é a primeira vez que esse tipo de denúncia atinge um alto representante do governo chinês. O ex-vice primeiro-ministro também foi membro do comitê central do Partido Comunista. "É muito difícil e arriscado de se mobilizar. Tudo é imediatamente censurado. Por isso tivemos a ideia dessas projeções efêmeras", explicou uma das militantes do movimento lançado nas redes #FreeChineseFeminist, com quem a RFI conversou por mensagem criptografada.

"Queremos dar nosso apoio, recusamos a censura, não queremos que Peng Shuai seja apagada da memória coletiva. O mundo do tênis fala de sua segurança. Houve um comunicado pedindo uma investigação transparente, mas aqui até isso é censurado", declarou.

As mensagens nos muros desaparecem quando o projetor é desligado. Os slogans que começarem a ser divulgados nesse fim de semana foram provavelmente vistos por poucas pessoas na China. As associações feministas com quem a RFI entrou em contato disseram que era perigoso para elas falarem sobre o assunto, por conta do "caráter ultrassensível do dossiê".

As mensagens provavelmente não serão suficientes para esclarecer a situação da jogadora desaparecida, mas, apesar disso, as manifestantes querem mostrar que não vão se resignar.

Fora do país, profissionais do esporte lançaram o hashtag  #WhereIsPengShuai? (ou 'Onde está Peng Shuai?'), em apoio à tenista. A Federação Chinesa de Tênis não deu declarações. O porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores disse que não ouviu falar sobre o caso e que isso não envolve "a diplomacia" do país.

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