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Fumio Kishida é nomeado primeiro-ministro do Japão e fará governo de continuidade

Fumio Kishida, de 64 anos, foi nomeado nesta segunda-feira (4) primeiro-ministro do Japão pelo Parlamento do país. Ex-ministro das Relações Exteriores, ele havia sido eleito na semana passada presidente do Partido Liberal Democrático (PLD, direita conservadora), que domina a vida política japonesa desde 1955. Sua missão imediata será a de administrar a crise sanitária provocada pelo coronavírus e a desaceleração econômica causada pela pandemia.

Fumio Kishida toma posse como novo primeiro-ministro do Japão.
Fumio Kishida toma posse como novo primeiro-ministro do Japão. REUTERS - KIM KYUNG-HOON
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Considerado uma personalidade pouco carismática, Fumio Kishida é apreciado por cultivar um espírito de consenso e ser um político apaziguador. Na semana passada, ele havia derrotado três concorrentes na disputa pela direção do PLD.

Eleito deputado por Hiroshima (oeste do Japão) na Câmara Baixa do Parlamento desde 1993, ele segue a trajetória política de seu pai e seu avô, que também foram parlamentares pela cidade. No ano passado, Kishida já tinha tentado se eleger primeiro-ministro, mas foi derrotado na época por Yoshihide Suga, que um ano mais tarde está deixando o governo japonês devido a uma forte taxa de impopularidade.

"Quero enfrentar os desafios com forte determinação e olhar firmemente para o futuro", disse Kishida após sua entronização como chefe de governo. De imediato, ele terá de acelerar a recuperação econômica do Japão, evitando o ressurgimento da pandemia. No plano externo, ele herda de seu antecessor um contexto regional tenso, marcado por ameaças da Coreia do Norte e pelas ambições expansionistas da China na região do Indo-Pacífico.

A composição do novo governo japonês será anunciada oficialmente nas próximas horas, mas vários nomes vazaram na imprensa local. Kishida fará um governo de continuidade, apoiado pelas duas principais alas do PLD, a dirigida pelo ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, de 67 anos, e uma segunda facção liderada pelo ministro das Finanças do governo Suga, Taro Aso, de 81 anos.

Kishida deverá convocar rapidamente eleições legislativas no Japão. A imprensa local citava na manhã desta segunda-feira a data de 31 de outubro ou, o mais tardar, os primeiros dias de novembro.

"Política de generosidade"

Durante os cinco anos em que foi ministro das Relações Exteriores do ex-premiê Shinzo Abe, de 2012 a 2017, Fumio Kishida foi um fervoroso ativista pelo desarmamento nuclear no mundo. Ele contribuiu para a visita de Barack Obama a Hiroshima em 2016, a primeira de um presidente americano em exercício nesta cidade destruída pela bomba atômica em 1945.

Isso não o impede de ser a favor do renascimento da energia nuclear civil no Japão, cujo uso tem sido muito limitado desde o desastre de Fukushima em 2011. Além da reativação de reatores antigos, ele defende a introdução de pequenos reatores modulares.

Na área econômica, ele prometeu um novo plano de estímulo fiscal massivo para impulsionar a recuperação após o choque da pandemia e demonstrou vontade de reduzir as desigualdades sociais.

"As pessoas querem uma política de generosidade", disse Kishida, que se orgulha de ter uma grande capacidade de escuta.

A composição de seu governo, entre a continuidade com a ex-equipe de Suga e a necessidade de satisfazer as diversas alas do PLD, reflete o desejo do novo primeiro-ministro de não fazer inimigos, segundo Junichi Makino, economista do SBMC Nikko Títulos.

Fã de beisebol

Em questões sociais, Kishida adota um tom cauteloso. Ele disse que "não chegou ao ponto de aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo", o que não é permitido no Japão. Ele também foi indiferente à delicada questão no Japão de conceder aos cônjuges o direito de não usarem o mesmo sobrenome, contentando-se simplesmente em convocar um debate sobre o assunto.

Em sua campanha anterior à presidência do PLD, há um ano, o que seria uma operação de comunicação se transformou em desastre. Com a intenção de se apresentar como um japonês "comum", ele postou no Twitter uma foto com sua esposa vestindo um avental de cozinha enquanto servia a ele uma refeição.

Durante a infância, Kishida morou vários anos em Nova York com sua família, onde diz ter sido vítima de racismo na escola, uma experiência difícil que, segundo ele, teria lhe dado um senso de justiça e imparcialidade. Ele foi reprovado três vezes no exame de admissão para a faculdade de direito da prestigiosa Universidade de Tóquio ("Todai"), para desgosto de seus pais. Em vez disso, ele estudou direito em Waseda, outra conhecida universidade de Tóquio.

Um grande fã de beisebol, o esporte de equipe mais popular no Japão, que ele mesmo jogou na juventude, Kishida torce para o Hiroshima Toyo Carp, o clube de sua família e esfera de influência política.

Com informações da AFP

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