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700 anos da morte de Dante Alighieri: política foi o inferno do maior poeta italiano

A Itália recorda nesta terça-feira (14) os 700 anos da morte do famoso autor do poema "A Divina Comédia", o poeta Dante Alighieri, considerado o pai da língua italiana. Dante morreu aos 56 anos, na noite de 13 para 14 de setembro de 1321.

Itália celebra nesta terça-feira os 700 anos da morte de Dante, ocorrida na noite de 13 para 14 de setembro de 1321.
Itália celebra nesta terça-feira os 700 anos da morte de Dante, ocorrida na noite de 13 para 14 de setembro de 1321. AP - Antonio Calanni
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O escritor contribuiu para o nascimento da língua italiana, ao escolher o dialeto toscano, em vez do latim, para escrever sua obra-prima. "A Divina Comédia" é uma viagem imaginária ao inferno, purgatório e paraíso e foi publicada no início do século XIV. Seu sucesso contribuiu para que outros autores da Idade Média, incluindo Petrarca e Boccaccio, também escrevessem em dialeto, lançando assim as bases do italiano moderno.

Não por acaso a entidade encarregada de difundir a língua e a cultura italiana pelo mundo se chama Sociedade Dante Alighieri. A Itália também planeja a criação do Museu da Língua Italiana, em Florença, cidade natal do poeta.

Como Shakespeare

"A Divina Comédia" é um poema, um relato pessoal sobre a redenção, um tratado sobre as virtudes humanas e também uma poderosa obra de ficção científica. Com seus diferentes círculos, que correspondem aos sete pecados capitais, o inferno de Dante ainda representa a imagem que temos da vida após a morte, segundo o imaginário cristão.

O poeta britânico T.S. Eliot considerava que "Dante e Shakespeare dividem o mundo moderno, e não há um terceiro homem". O grande escritor argentino Jorge Luis Borges considerou "A Divina Comédia" como "o melhor livro que a literatura já produziu".

Dante na cultura popular

Gerações de escritores, pintores, escultores, músicos, diretores de cinema e autores de quadrinhos se inspiraram em "A Divina Comédia". Entre eles, estão o pintor renascentista italiano Sandro Botticelli, o pintor espanhol Salvador Dalí, o compositor russo Tchaikovsky, os criadores da saga X-Men e o escritor Dan Brown.

"O Beijo", famosa escultura de Auguste Rodin, representa Paolo e Francesca, os amantes adúlteros que Dante encontra no segundo círculo do inferno. "A Divina Comédia" também inspirou um videogame popular ("Dante's Inferno"), e Bret Easton Ellis começa seu famoso romance "American Psycho" com o início do terceiro canto do inferno: "Vós que entrais, abandonai toda esperança".

Dante, no lugar de Durante

Como muitos grandes artistas da história italiana (Giotto, Michelangelo, Raphael...), Dante é conhecido, sobretudo, pelo primeiro nome, que é o diminutivo de "Durante". Ele nasceu em 1265, em Florença, foi para o exílio em 1302 e morreu em Ravenna, no nordeste da Itália, na costa do Adriático, em 13 ou 14 de setembro de 1321.

Oriundo de uma família rica, Dante nunca teve de trabalhar para viver. Destacou-se na política, literatura, filosofia e cosmologia. Teve pelo menos três filhos com sua esposa, Gemma Donati, mas sua musa era outra mulher, Beatriz, que aparece em "A Divina Comédia" como guia para o céu.

Dante, o político

Homem das letras, Dante também esteve muito envolvido na vida política de Florença. Em 1300, foi eleito prior, um dos nove membros do governo local, por um período de dois meses. Esse cargo foi a causa de seu infortúnio. 

Naquela época, as cidades italianas estavam constantemente à beira de uma guerra civil entre os guelfos, próximos ao papa, e os gibelinos, favoráveis ao Sacro Império Romano-Germânico.

Em Florença, os guelfos estavam, por sua vez, divididos em "negros", prontos para aceitar a influência papal nos assuntos da cidade, e "brancos", que exigiam que o papa limitasse seu poder à esfera espiritual.

Dante, um "branco", teve de ir para o exílio. Ele foi julgado à revelia, pois teve de deixar Florença, após a chegada ao poder de um novo regime que perseguia a velha classe dominante e nunca mais colocou os pés em sua cidade natal.

Em 1302, um juiz ordenou que Dante e seus aliados fossem queimados vivos, caso tentassem retornar para Florença. Essa sentença foi, posteriormente, comutada para decapitação. Dante aproveitou "A Divina Comédia" para acertar contas com muitos de seus inimigos, entre eles, o papa Bonifácio XIII, para quem reservou um lugar no inferno.

(Com informações da AFP)

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