Acessar o conteúdo principal

Afegãs protestam em Herat, pedindo que Talibã mantenha direitos das mulheres

Dezenas de mulheres afegãs protestaram nesta quinta-feira (2) na província de Herat, no oeste do Afeganistão, 19 dias depois da tomada de poder pelo Talibã. Às vésperas do anúncio do novo governo, as manifestantes pediram que os direitos das mulheres sejam respeitados no país. 

Mulheres afegãs manifestam pelos seus direitos,em Herat, no Afeganistão
Mulheres afegãs manifestam pelos seus direitos,em Herat, no Afeganistão AFP - -
Publicidade

Sonia Ghezali, correspondente da RFI no Afeganistão

"Não tenham medo, estamos juntas." Este foi o slogan usado pelas manifestantes que foram às ruas de Herat nesta quinta-feira. Dezenas usavam longas túnicas islâmicas pretas, tinham os cabelos cobertos por um véu e máscaras cirúrgicas que escondiam metade do rosto. Muitas delas seguravam cartazes com sua lista de reivindicações: direito à educação, à saúde, ao trabalho e à liberdade de escolha e à liberdade de movimento. Elas pedem que todas essas prerrogativas sejam mantidas.

As mulheres de Herat "querem que seus direitos sejam respeitados, nem mais, nem menos", diz o tuíte publicado pelo movimento "Linha Vermelha", que nasceu durante as negociações do ano passado, em Doha, entre os EUA e o Talibã sobre a retirada das tropas americanas do país.

"As mulheres querem ser incluídas no governo", pedem as manifestantes, mas o Talibã não sinalizou nenhuma evolução nesse sentido. Antes de tomar o poder, os fundamentalistas religiosos declararam que "a situação das mulheres e seu espaço na sociedade seguirão a Sharia, a lei Islâmica."

O Talibã interpreta a Sharia à sua maneira. As mulheres não podem ocupar cargos de responsabilidade e é pouco que uma mulher seja por exemplo nomeada para um ministério apesar do grupo ter feito a promessa de um governo inclusivo.

"Mentira histórica"

Durante uma confererência de solidariedade com o Afeganistão, organizada pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, Guissou Jahangiri, vice-presidente da Federação Internacional dos Direitos Humanos e diretora executiva da ONG Armanshar, homenageou a "coragem dessas mulheres." Ela também desmontrou indignação com a decisão que impede as mulheres afegãs de trabalhar. Ontem, os talibãs proibiram o acesso aos complexos industriais, onde atuam muitas mulheres da etnia Hazara. "Elas ganham um salário miserável, mas não tem mais direito de trabalhar", declarou.

Guissou Jahangiri recusa que as mulheres desapareçam do espaço público. "A sociedade civil afegã não está morta. Aqueles que desejam hoje justificar a presença dos talibãs dizendo 'os talibãs representam o Afeganistão', corroboram uma mentira da história", conclui.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.