Primeiro-ministro renuncia no Líbano, país já mergulhado em crise histórica
O primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, informou nesta quinta-feira (15) que renuncia à formação de um novo governo, quase nove meses após a sua nomeação. O anúncio é feito no momento em que o país enfrenta a pior crise socioeconômica de sua história.
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Hariri foi nomeado primeiro-ministro em outubro de 2020, mas não conseguiu formar um gabinete para lançar reformas fundamentais que permitissem desbloquear a ajuda internacional ao país. O premiê explicou que sua decisão foi tomada após uma reunião com o presidente Michel Aoun, na qual o chefe de Estado exigiu mudanças na lista do governo que ele não quis fazer.
"Está claro que a posição (de Aoun) não mudou sobre esta questão e que não somos capazes de concordar", disse Hariri. “Eu propus mais tempo para pensar e ele se recusou. Por essa razão eu disse que não poderia formar o governo. Que Deus ajude o país”, disse o premiê que dirigia pela terceira vez o governo libanês.
O Líbano está sem um governo plenamente operacional desde a renúncia do gabinete logo após a devastadora explosão no porto de Beirute, em agosto de 2020, que deixou mais de 200 mortos e milhares de feridos. A paralisação política coincide com a pior crise econômica do país, que já sofria com uma desvalorização histórica de sua moeda, uma inflação disparada e demissões em massa. Mais da metade da população libanesa vive abaixo da linha da pobreza e os moradores sofrem com falta de medicamentos e combustível.
Renúncia preocupa comunidade internacional
A notícia da renúncia de Hariri suscitou reações da comunidade internacional, preocupada com fragilidade do país. “Sentimos muito que os dirigentes libaneses não conseguiram chegar a um acordo sobre a formação de um novo governo”, declarou a ONU por meio de um comunicado.
“Reiteramos o nosso pedido para que os dirigentes do país cheguem rapidamente a um acordo sobre a formação de um novo governo capaz de superar o inúmeros desafios do país”, completou a nota das Nações Unidas.
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, fala de um “episódio dramático”. Segundo o chefe da diplomacia, o Líbano enfrenta uma “autodestruição cínica”, mas acredita que “ainda há tempo para se recuperar”.
(Com informações da AFP)
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