Ataques americanos no Iraque e na Síria são mensagem "forte" para Irã, diz Antony Blinken
O governo do Iraque denunciou nesta segunda-feira (28) os ataques mortais, ordenados pelos Estados Unidos, contra posições e depósitos de armas da milícia pró-Irã em seu território e na Síria, e ameaça vingar a morte de pelo menos 10 de seus combatentes. Em Bagdá, o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kazimi, denunciou uma "violação flagrante da" soberania iraquiana.
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Segundo o Pentágono, os bombardeios ocorridos antes do amanhecer são uma retaliação a agressões contra interesses americanos no Iraque. Esta é a segunda operação a visar milícias pró-iranianas na Síria, desde que o presidente Joe Biden assumiu o poder, em janeiro. Cerca de 20 combatentes foram mortos no primeiro ataque, em fevereiro.
Essas instalações foram usadas por milícias apoiadas pelo Irã "envolvidas em ataques usando veículos aéreos não tripulados (UAVs) contra funcionários e instalações dos EUA no Iraque", afirmou o Pentágono.
O episódio acontece em meio aos esforços para o retorno dos Estados Unidos ao acordo nuclear com o Irã, o que ofereceria a Teerã um alívio das sanções internacionais contra o país em troca de sua promessa de nunca produzir armas nucleares e uma redução drástica em seu programa nuclear.
Damasco, por sua vez, condenou "uma agressão americana na região da fronteira sírio-iraquiana", destacando que se trata de uma "violação flagrante" da soberania territorial dos dois países, segundo fonte do Ministério das Relações Exteriores da Síria, citado pela agência oficial Sana.
De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), os ataques destruíram um depósito e uma posição das milícias iraquianas de Hachd al-Chaabi perto de Boukamal (leste da Síria), próxima à fronteira com o Iraque.
O grupo Hachd al-Chaabi é considerado como a ponta de lança do antiamericanismo no Iraque e confirmou a morte em ataques de quatro de seus membros na região de Al-Qaim (oeste), perto da fronteira síria. Os combatentes "estavam cumprindo sua missão habitual de impedir a infiltração" de jihadistas da Síria, afirmou esta coalizão de paramilitares em uma nota, assegurando que "não estavam envolvidos em nenhuma atividade hostil à presença estrangeira no Iraque". “As posições bombardeadas não abrigavam depósitos, ao contrário do que afirmam os americanos”, completa a nota.
“Vamos vingar o sangue dos nossos mártires (...). Já dissemos que não ficaríamos calados perante a presença das forças ocupantes”, ameaçou o Hachd.
Mensagem forte
Após a reação de Bagdá, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, reafirmou que os ataques dos EUA contra milícias pró-Irã no Iraque e na Síria foram uma mensagem para evitar novas violações aos interesses dos americanos. "Esta ação de autodefesa para evitar novos ataques envia uma mensagem muito importante e forte", disse Blinken a repórteres em Roma.
Após os ataques, o Irã acusou os Estados Unidos de "perturbar a segurança regional". Seu aliado, o Hezbollah libanês, condenou o que chamou de uma "traiçoeira agressão americana", pedindo a retirada das forças americanas.
Paris, por sua vez, reafirmou "o apoio da França à estabilidade e à soberania do Iraque", condenando os "atentados inaceitáveis contra os interesses da coalizão".
Com informações da AFP
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