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Novo presidente do Irã rejeita se encontrar com Joe Biden

Em sua primeira entrevista coletiva, nesta segunda-feira (21), o futuro presidente iraniano declarou que não pretende se reunir com o líder norte-americano Joe Biden. Três dias após ser eleito, o ultraconservador Ebrahim Raisi também exigiu negociações frutíferas sobre o programa nuclear de seu país e disse que o Irã "sempre defendeu os direitos humanos".

Presidente eleito do Irã Ebrahim Raisi durante coletiva de imprensa. Em Teerã, em 21 de junho de 2021.
Presidente eleito do Irã Ebrahim Raisi durante coletiva de imprensa. Em Teerã, em 21 de junho de 2021. AP - Vahid Salemi
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O recado visa especialmente os Estados Unidos e várias ONGs ocidentais que o acusam de ter sido responsável por torturas e execuções sumárias durante sua longa carreira no poder Judiciário. Questionado em 2018 e em 2020 sobre as execuções de milhares de opositores em 1988, Raisi negou ter desempenhado qualquer papel nessa onda de repressão, como é acusado no Ocidente.

Eleito com quase 62% dos votos, o novo presidente elogiou a "presença massiva" da população iraniana nas seções eleitorais, "apesar da guerra psicológica travada pelos inimigos do Irã". O pleito, no entanto, foi marcado por uma abstenção recorde.

O presidente iraniano tem prerrogativas limitadas, já que no país a essência do poder está centrada nas mãos do guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que tem a última palavra em questões centrais, como a nuclear.

Enquanto negociações estão em andamento, em Viena, para salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, assinado em 2015, Raisi disse que o Irã não permitirá "negociações pelo simples prazer de negociar". "Deve produzir resultados para a nação iraniana", comentou.

O acordo de Viena concede ao Irã alívio das sanções do Ocidente e da ONU em troca de seu compromisso de não se equipar com uma arma atômica e por uma redução drástica de seu programa nuclear. O texto, contudo, foi sabotado em 2018 pelo ex-presidente americano Donald Trump, que se retirou do pacto e restabeleceu as sanções contra Teerã.

As discussões em curso tentam fazer com que os Estados Unidos voltem ao acordo. A solução poderia passar por um alívio das sanções de Washington em troca de o Irã cumprir estritamente o pacto, o que o país deixou de fazer em retaliação à retomada das sanções. Washington e Teerã não parecem avançar para resolver problemas entre os dois países, inimigos há mais de 40 anos.

Aproximação com a Arábia Saudita

Raisi, que é aliado do guia supremo Ali Khamenei e tomará posse em agosto, não descartou retomar os laços diplomáticos com a Arábia Saudita sunita, adversária regional do Irã xiita. A reaproximação entre as duas potências rivais do Golfo, que não mantêm relações diplomáticas desde o início de 2016, vem sendo discutida.

Após uma série de reuniões nos últimos meses, Raisi afirmou que "não há obstáculos da parte do Irã para a reabertura das embaixadas", completou.

Raisi assumirá o governo do país em meio a uma grave crise econômica e social, consequência das sanções dos Estados Unidos. Ele se apresenta como símbolo da luta contra a corrupção e defensor das classes populares deste país rico em petróleo.

Com informações da AFP

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