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Conflito israelo-palestino: EUA resistem em assinar declaração de paz na ONU

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, declarou ao Conselho de Segurança reunido neste domingo (16) que os confrontos em Israel e na Faixa de Gaza são "extremamente graves" e pediu o fim imediato da violência.

Palestinos transportam um dos sobreviventes encontrados sob os escombros de um prédio atingido pelos ataques aéreos israelenses em Gaza, em 16 de maio de 2021.
Palestinos transportam um dos sobreviventes encontrados sob os escombros de um prédio atingido pelos ataques aéreos israelenses em Gaza, em 16 de maio de 2021. © AFP/Mohammed Abed MOHAMMED ABED
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As Nações Unidas "envolvem ativamente todas as partes rumo a um cessar-fogo imediato" e os chama a "permitir que os esforços de mediação se intensificarem e que tenham sucesso", acrescentou Guterres durante a introdução da primeira reunião pública dos 15 membros do Conselho de Segurança sobre o conflito.

O número de mortos na Faixa de Gaza já chega a 181, incluindo 52 crianças, desde que a escala de violência recomeçou na segunda-feira (10). Israel registrou dez vítimas fatais, incluindo duas crianças, mortas em ataques de foguetes pelo Hamas e outros grupos envolvidos no conflito.

O Conselho de Segurança se reuniu duas vezes reservadamente nesta semana para debater o aumento da violência na região, mas não teve sucesso até agora em conseguir uma declaração pública, visto que os Estados Unidos – tradicional aliado de Israel – estimam que o documento será “contraproducente”, informaram alguns diplomatas em anonimato.

“As Nações Unidas trabalham incansavelmente com todas as partes para restaurar a paz”, declarou Tor Wennesland, enviado da ONU ao Oriente Médio, ao Conselho de Segurança. “A  comunidade internacional tem um papel crucial a desempenhar. Ela deve agir agora para permitir às partes sair do abismo.”

Os esforços para estabelecer uma trégua liderados pelo Egito, Catar e Nações Unidas não deram, até agora, nenhum sinal de progresso. Os Estados Unidos mandaram um enviado à região e o presidente Joe Biden conversou pelo telefone neste sábado (15) com o primeiro-ministro israelense e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Guerra premeditada

Durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança, o embaixador de Israel nos Estados Unidos e na ONU, Gilad Erdan, acusou o movimento palestino Hamas de ter "premeditado" uma guerra com Israel e de querer "tomar o poder na Cisjordânia".

“O Hamas optou por acelerar as tensões, usadas como pretexto para iniciar esta guerra com Israel”, declarou o diplomata israelita, referindo-se a uma “manipulação palestina”. Não há "justificativa para o lançamento indiscriminado de foguetes contra civis", acrescentou ele. Os palestinos "usam escudos humanos", aumentando o número de vítimas civis, disse Erdan. Ele pediu ao Conselho de Segurança da ONU que condene os ataques com foguetes.

Na opinião do embaixador israelense, que elogiou o apoio dado a seu país pelos Estados Unidos, o Estado judeu "não teve outra escolha" a não ser responder aos ataques dos palestinos para detê-los.

Alvo perfeitamente legítimo

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou neste domingo que o prédio em Gaza atingido neste sábado por um ataque aéreo israelense abrigava um núcleo de inteligência de um grupo "terrorista" palestino, além dos escritórios da agência americana Associated Press e do canal de televisão do Catal, Al-Jazeera.

“Este edifício abrigava um escritório de inteligência da organização terrorista palestina que prepara e organiza ataques terroristas contra civis israelenses, este é, portanto, um alvo perfeitamente legítimo”, declarou o premiê durante uma entrevista no programa Face the Nation, da CBS.

Netanyahu ainda acrescentou que a informação sobre o ataque de sábado foi compartilhada com autoridades americanas.

Ele reiterou que a atual operação do exército israelense "ainda levará tempo": “Nenhum terrorista está imune (...) continuaremos agindo enquanto for necessário para restaurar a calma e a segurança para vocês, cidadãos de Israel. Ainda levará tempo”.

Dimensão da resposta israelense

Já o chefe do exército israelense, Aviv Kohavi, afirmou neste domingo que o movimento islâmico Hamas, no poder na Faixa de Gaza, "não calculou corretamente a dimensão da resposta israelense ao lançar foguetes na semana passada”.

"Agimos com senso de justiça, com o sentimento de que é a coisa certa a fazer, que é a coisa certa a fazer para proteger os cidadãos de Israel", acrescentou ele em um discurso, após uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ministro da Defesa, Benny Gantz, e os chefes do Shin Beth - órgão de inteligência - e do Mossad - serviços externos - em Tel Aviv.

Obstrução

Já o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, lamentou neste domingo a "obstrução" dos Estados Unidos, ao passar ao Conselho de Segurança da ONU uma declaração pedindo o fim das hostilidades entre israelenses e palestinos, durante a reunião de emergência.

“O Conselho de Segurança deve agir”, disse ele, lembrando que a China (junto com a Noruega e a Tunísia) esteve na origem de um projeto de texto por uma semana. “Por causa da obstrução de um país, o Conselho de Segurança não tem conseguido falar a uma só voz”, lamentou, pedindo a Washington “que assuma suas responsabilidades” junto à ONU.

(Com informações da AFP)

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