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Austrália: Sequestrados em nome da assimilação quando eram crianças, aborígenes processam governo

Centenas de aborígenes retirados à força de seus pais e entregues a familias brancas quando eram crianças iniciaram um processo contra o governo australiano nesta quarta-feira (28). Conhecidos como "geração roubada", eles foram sequestrados em nome da assimilação cultural e agora querem ser indenizados pelos danos causados.

Aborígenes constituem a população mais pobre e marginalizada da Austrália.
Aborígenes constituem a população mais pobre e marginalizada da Austrália. ASSOCIATED PRESS - Kristen Gelineau
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O termo "geração roubada" se refere a milhares de crianças aborígenes que foram separadas à força de suas famílias de 1910 até a década de 1970, e levadas para instituições ou famílias brancas com fins de assimilação. Muitas vítimas nunca voltaram a encontrar seus pais ou irmãos.

Tristan Gaven, do escritório de advocacia Shine Lawyers, anunciou que iniciou uma ação coletiva em nome de quase 800 habitantes do Território do Norte. Ele acredita que milhares de outras pessoas podem aderir de maneira legítima à luta.

Esta é a primeira ação coletiva do tipo no Território do Norte, onde vivem 250.000 pessoas, um terço delas aborígenes. Outros estados da Austrália estabeleceram mecanismos de indenização, mas o governo federal, que administrava o Território do Norte no momento dos sequestros, nunca adotou uma medida similar.

Heather Alley, de 84 anos, tinha nove anos quando foi retirada de sua mãe. Ela afirma que o trauma a perseguiu por muitos anos. "Participo neste processo porque acredito que nossa história deve ser contada", disse.

População mais pobre e marginalizada do país

Em 1997, um relatório intitulado "Levados de casa", resultado de uma investigação nacional, reconheceu que os direitos destas crianças foram violados e recomendou uma série de medidas de apoio. Uma das propostas do relatório, para que a Austrália apresentasse um pedido nacional de desculpas, foi apresentada em 2008.

Mas quase 25 anos depois, as vítimas denunciam a persistência do racismo institucional e o fracasso das autoridades em lidar com os problemas de saúde mental das pessoas afetadas, apesar do anúncio de recursos para os programas de auxílio e apoio às famílias.

Embora não apresente dados exatos sobre o número de pessoas afetadas, o relatório de 1997 calculava que pelo menos um em cada dez aborígenes ou indígenas do Estreito de Torres foi separado de sua família durante a infância. Os dois grupos vivem na Austrália há mais de 40.000 anos e constituem a população mais pobre e marginalizada do país.

Quando os colonos europeus chegaram à Austrália em 1788, os aborígenes eram quase um milhão de pessoas. Atualmente, eles representam apenas 3% dos 25 milhões de moradores.

(Com informações da AFP)

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