Covid-19: Revisto, balanço na Rússia triplica e país se aproxima do Brasil em número de mortos
O presidente russo Vladimir Putin vinha celebrando a sua gestão da pandemia de Covid-19, que apresenta até agora resultados melhores do que alguns vizinhos europeus, além do fato de o país ter saído na frente na corrida pela vacina contra o coronavírus. No entanto, não apenas a Sputnik V continua sendo boicotada por várias nações em razão da falta de validação científica, como agora as próprias estatísticas oficiais sobre o número de vítimas da epidemia começam a ser contestadas.
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Jean-Didier Revoin, correspondente da RFI em Moscou
A agência russa de estatísticas (Rosstat) reviu seu balanço de mortos vítimas da Covid-19. O número seria três vezes mais alto que o anunciado até agora. Com 186 mil óbitos registrados – contra os 55 mil contabilizados até então – o país se aproxima do Brasil e pode se tornar o segundo mais afetado pela pandemia.
De acordo com a Rosstat, a Rússia registrou uma alta de 14% nas mortes em geral entre janeiro e novembro deste ano. E segundo as autoridades da saúde do país, 81% dessa mortalidade estaria diretamente ligada à pandemia. No total, isso representaria o triplo do número de pessoas mortas vítimas da Covid-19 que vinha sendo anunciado até agora.
Essa diferença está ligada ao método de cálculo das vítimas que vinha sendo adotado até então. O governo contabilizava apenas as mortes de Covid-19 confirmadas por meio de autopsia, deixando de lado todos os que morreram com suspeita de contaminação e que não fizeram exames de verificação. Também não foram considerados como vítimas fatais de Covid-19 aqueles cujo coronavírus acentuou outras patologias que os levaram à morte.
Os dados preocupam, já que há semanas mais de 25 mil novos casos vem sendo registrados diariamente em todo o país. Além disso, a mortalidade de Covid-19 em Moscou acelerou 27% em novembro e o coronavírus foi a causa de uma em cada três mortes na capital no mês passado. E mesmo se o governo aposta na campanha de vacinação, pesquisas de opinião apontam que apenas 38% dos russos pretendem se imunizar.
As estatísticas revistas colocam a Rússia em terceiro lugar no mundo em número de mortes. Aliada a recrudescência recente de novos casos, o país pode ultrapassar o Brasil, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
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