Turquia reafirma apoio indefectível ao Azerbaijão no conflito de Nagorno-Karabakh
Enquanto os combates se intensificam entre as forças separatistas armênias e o exército azerbaijano pelo controle do enclave de Nagorno-Karabakh, o Azerbaijão pode continuar contando com o apoio indefectível da Turquia. O chefe da diplomacia turca visitou Baku, a capital azerbaijana, nesta terça-feira (6) e pediu que a comunidade internacional apoie o país. Ele também colocou em dúvida a utilidade de um cessar-fogo na região separatista.
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Com informações da correspondente da RFI em Istambul, Anne Andlauer
Desde a retomada do conflito em Nagorno-Karabakh em 27 de setembro, os dirigentes turcos encorajam o Azerbaijão a recuperar à força os territórios perdidos para as forças separatistas armênias no início dos anos 1990. Outra opção sugerida por Ancara para acabar com o confronto é que a Armênia renuncie a essas áreas.
O ministro turco das Relações Exteriores foi hoje pessoalmente martelar essa mensagem ao presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev. O chanceler Mevlüt Cavusoglu garantiu que foi a Baku para “mostrar ao mundo o apoio da Turquia”. Ele também disse que Ancara aguardava as “instruções” do presidente azerbaijano para fornecer ao país a ajuda necessária “no campo de batalha”, “em todos os setores” e assim que “ele precisasse”.
Em seguida, durante um encontro com o chanceler do Azerbaijão, o chefe da diplomacia turca desqualificou todos os pedidos por um cessar-fogo imediato no enclave. Ao invés disso, Mevlüt Cavusoglu conclama outros países, a começar pela França, Estados Unidos e Rússia, a exigirem que a Armênia “se retire dos territórios que pertencem ao Azerbaijão”.
População turca apoia posição de Ancara
A Turquia continua assim inflexível em seu apoio a Baku e essa posição é compartilhada por grande parte da população turca. No momento em que o chanceler turco fazia sua declaração em Baku, o chefe do principal partido de oposição, Kemal Kiliçdaroglu, proclamou em Ancara que o “coração dos 83 milhões de turcos bate com o Azerbaijão”.
Paris, Moscou e Washington, mediadores deste conflito desde os anos 1990, descreveram a crise como "uma ameaça inaceitável à estabilidade da região" do Cáucaso.
Baku e Yerevan se acusam mutuamente de terem bombardeado deliberadamente áreas urbanas, em particular na capital dos separatistas, Stepanakert, e na segunda maior cidade do Azerbaijão, Gandja. Nesta terça-feira, o porta-voz do Exército armênio anunciou que 21 combatentes de Karabakh foram mortos durante o dia, sem dar mais detalhes, mas no décimo dia do conflito, nenhum dos dois lados parece levar uma vantagem decisiva sobre o outro.
Habitada principalmente por armênios cristãos, Nagorno-Karabakh se separou do Azerbaijão, um país xiita, após a queda da URSS. Esse movimento levou a uma guerra no início da década de 1990 que deixou 30.000 mortos, até um cessar-fogo assinado em 1994.
Desde a retomada dos confrontos, um balanço parcial indica 286 mortos.
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