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ONU: 39 países pedem à China que respeite os direitos de minoria muçulmana uigur

Liderados pela Alemanha na ONU, 39 países exortaram a China em uma declaração conjunta a "respeitar os direitos humanos" dos uigures em Xinjiang nesta terça-feira (6). O conglomerado de nações expressou ao mesmo tempo preocupação com o desenvolvimento da situação dos direitos humanos em Hong Kong.

Uma mulher usando uma máscara com a inscrição "Libertem os uigures" durante um protesto em Berlim, Alemanha, 1° de setembro de 2020.
Uma mulher usando uma máscara com a inscrição "Libertem os uigures" durante um protesto em Berlim, Alemanha, 1° de setembro de 2020. Michele Tantussi/Reuters
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"Pedimos à China que respeite os direitos humanos, especialmente os direitos das pessoas de minorias religiosas e étnicas, particularmente em Xinjiang e no Tibete", disse o embaixador alemão na ONU, Christoph Heusgen, em um encontro da comissão da Assembleia Geral das Nações Unidas especializada em direitos humanos.

Os países signatários incluem os Estados Unidos e a maioria dos países europeus, incluindo Albânia e Bósnia, Canadá, Haiti, Honduras, Japão, Austrália e Nova Zelândia.

"Estamos seriamente preocupados com a situação dos direitos humanos em Xinjiang e os recentes acontecimentos em Hong Kong", acrescentou o comunicado. "Pedimos à China que permita o acesso imediato e desimpedido a Xinjiang para observadores independentes, incluindo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos", dizia o texto.

Imediatamente após sua intervenção, o Paquistão leu um comunicado assinado por 55 países, incluindo a China, denunciando o uso da situação em Hong Kong para interferir nos assuntos internos chineses.

Citando Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido, o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, criticou por sua vez uma atitude "hipócrita", pedindo a esses países que "deixassem de lado sua arrogância e seus preconceitos".

Pressão aumenta contra a China

Em comunicado oficial, a ONG Human Rights Watch saudou o fato de que mais países assinaram a declaração anti-China neste ano "apesar das ameaças persistentes e táticas intimidadoras" do gigante asiático. Em 2019, um texto semelhante sobre a situação dos direitos humanos no mesmo fórum, elaborado por iniciativa do Reino Unido, reuniu 23 assinaturas.

Segundo diplomatas ocidentais, Pequim aumenta a cada ano a pressão para dissuadir membros da ONU de assinar o documento, ameaçando não renovar uma missão de paz em um país ou impedir a construção de uma nova embaixada na China em outro.

Na segunda-feira (5), 26 países, por iniciativa de Pequim, ainda haviam convocado no mesmo fórum e em uma declaração conjunta o fim das sanções norte-americanas e de outros países ocidentais que violam, segundo eles, os direitos humanos no combate à pandemia.

Quem são os uigures?

Segundo dados oficiais da China, há mais de 12 milhões de uigures no país, a maioria na província de Xianjiang.

Os prováveis ancestrais dos uigures são tribos nômades da Mongólia que se fixaram na região. Por volta do século XVII, eles se converteram ao Islã e fundaram o Reino Islâmico Uirgur do Turquestão Oriental. O território foi incorporado em 1949 à nova República Popular da China.

Pequim então deu início a uma política de incentivo à migração para a região, e a proporção de chineses da etnia han aumentou de 6% em 1949 para 41,5% em 1976, de acordo com dados da ONG Human Rights Watch. 

A região obteve uma relativa liberalização nos anos 1980 e Xinjiang pôde se tornar uma região autônoma. Mas o incentivo à migração continuou. Nos anos 1990, 1,2 milhão de pessoas se instalaram na província. 

Com informações da AFP

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