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Epidemia dá sinais de retorno em países até agora pouco afetados na Europa

A Europa endurece as restrições para conter a pandemia do novo coronavírus, em meio a uma preocupação crescente com uma segunda onda de casos. França e Alemanha já registram mais de 1.000 novos diagnósticos da infecção viral por dia. A Finlândia, até o momento pouco afetada pela Covid-19, anunciou nesta quinta-feira (6) que se prepara para responder a uma aceleração da epidemia.

Fila de passageiros para realizar os testes de Covid-19 no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha.
Fila de passageiros para realizar os testes de Covid-19 no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha. AP - Michael Probst
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"A situação é extremamente delicada", declarou a diretora estratégica do Ministério da Saúde finlandês, Liisa-Maria Voipio-Pulkki. "Uma espécie de segunda fase começou", disse ela, mesmo que ainda "seja cedo para falar de segunda onda".

Nas últimas duas semanas, o país nórdico registrou apenas dois novos casos de Covid-19 por 100.000 habitantes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, para um total de 7.512 contaminações e 331 mortes desde o início da epidemia. Porém, com o reaparecimento de novos contágios na segunda quinzena de julho, as autoridades decidiram rever o relaxamento que haviam adotado para reuniões internas e externas, restaurantes e cafés. Um "roteiro" de medidas restritivas será divulgado na próxima semana, de acordo com as autoridades sanitárias finlandesas, que também preparam a volta às aulas.

A partir de sábado (8), a Alemanha vai impor a todos os viajantes que retornam de regiões de risco o teste de Covid-19. Até agora, qualquer pessoa que retornasse dessas áreas - a maioria de países externos à União Europeia, três regiões espanholas e, desde quarta-feira, a província belga de Antuérpia - precisava apenas se submeter a uma quarentena de 14 dias, a menos que apresentasse um teste negativo. O aumento expressivo de casos provoca, no entanto, uma mudança de estratégia.

Alta de casos gera impacto psicológico na Alemanha

A Alemanha retornou nesta quinta-feira à marca de 1.000 novos casos confirmados em 24 horas, um patamar que não era observado desde o início de maio. Nas últimas semanas, as contaminações vinham aumentando no país, mas de maneira gradual. A constatação de 1.045 novos infectados em um dia, de acordo com o Instituto Robert Koch (RKI) de Doenças Infecciosas, gerou um impacto psicológico.

O governo alemão prefere reforçar os controles, temendo uma reação negativa dos investidores no momento que a maior economia da Europa começa a se recuperar dos efeitos negativos do período de forte queda de atividade, entre abril e maio.

A Áustria decidiu impor restrições a viajantes da Espanha, com exceção daqueles originários das Ilhas Canárias e Baleares, devido ao novo aumento de casos de coronavírus. Os viajantes da Espanha precisarão apresentar a partir da próxima segunda-feira (10) um exame negativo de Covi-19, informou o Ministério de Assuntos Exteriores, ou se submeter a uma quarentena de 14 dias.

A Suíça também incluiu nesta quinta-feira a Espanha (excluindo igualmente os dois arquipélagos) na lista de países com risco de infecção pelo novo coronavírus e, portanto, as pessoas vindas dali devem cumprir quarentena.

Espanha descarta segunda onda

As autoridades de saúde da Espanha descartaram nesta quinta-feira que o país esteja enfrentando uma segunda onda do coronavírus, apesar do contágio ter continuado a aumentar acentuadamente nos últimos dias.

"Eu não chamaria isso de segunda onda" até que "tenhamos uma transmissão descontrolada da comunidade que não esteja principalmente associada a surtos e até que não esteja claro que o que estamos fazendo é detectar" mais casos, fazer mais testes do que antes, disse Fernando Simón, diretor do centro de emergências de saúde, em coletiva de imprensa.

Segundo o boletim desta quinta-feira do Ministério da Saúde, nos últimos sete dias a Espanha registrou 19.405 casos diagnosticados, o que equivale a uma média diária de 2.772. Como comparação, há uma semana essa média era de 1.913 e duas semanas atrás era de 1.460. As regiões mais afetadas ainda são a Catalunha, com mais de 5.100 casos nos últimos sete dias, e Aragão, com 4.100, embora essa última região seja a mais preocupante, pois apresenta de longe a maior incidência cumulativa (casos diagnosticados por 100.000 habitantes) do país, com 312.

Obrigatoriedade de máscara se generaliza

Na França, a máscara passou a ser obrigatória em áreas movimentadas de várias cidades. Na quarta-feira (5), o país chegou a 1.695 novos casos diagnosticados em 24 horas, o que também não acontecia desde maio. Dezenove novos focos epidêmicos foram identificados em todo o país, que conta com 294 "clusters" ativos.

O Conselho Científico que assessora o governo francês considera "altamente provável que se observe uma segunda onda epidêmica no outono ou inverno" (hemisfério norte). "O vírus circula de forma mais ativa, com uma perda acentuada das medidas de distanciamento e de segurança", alertou o Conselho.

O uso de máscaras também se tornou obrigatório na "Red Light Zone", famoso bairro de casas de prostituição em Amsterdã, na Holanda. Grécia, Escócia e Suíça anunciaram o endurecimento ou o retorno das medidas restritivas após a detecção de novos focos da doença. O governo irlandês decidiu prorrogar a última fase de seu desconfinamento e ordenou o uso de máscaras nas lojas e nos shopping centers a partir de 10 de agosto.

A Europa permanece a região do mundo mais afetada pela nova infecção pulmonar, com mais de 212.000 dos 708.000 mortos contabilizados no mundo desde o aparecimento da pandemia na China, em dezembro de 2019. Os Estados Unidos continuam a ser, de longe, o país mais atingido, registrando 1.262 mortes e 53.158 casos na quarta-feira, para um total de mais 4,8 milhões de contágios e 157.930 vítimas fatais, enquanto o Brasil se aproxima da fúnebre marca de 100.000 mortos, a metade dos óbitos registrados na América Latina.

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