Trump celebra tolerância em visita à Índia enquanto violência intercomunitária ganha ruas do país
A Índia recebeu com pompa o presidente americano, Donald Trump, que realizou nesta terça-feira (25) o segundo e último dia de sua visita oficial ao país. Ao mesmo tempo, violentos distúrbios em Nova Dhéli contra a nova lei da cidadania voltaram a deixar evidentes as tensões religiosas no país.
Publicado em: Modificado em:
Os confrontos entre hindus e muçulmanos começaram na segunda-feira (24), após a chegada de Trump à Índia. Eles marcam uma nova fase no movimento protesto contra a lei sobre cidadania. Ao menos dez pessoas morreram, entre elas um policial. Balanço do hospital Guru Teg Bahadur de Nova Dhéli aponta que 31 pessoas foram internadas e que dez estão gravemente feridas.
Os distúrbios prosseguem nesta terça-feira. "Os manifestantes atacam a polícia ou brigam entre eles quando não há policiais por perto", disse Alok Kumar, comandante de polícia de Nova Dhéli à AFP. O canal NDTV informou que três repórteres e um cinegrafistas foram atacados por uma multidão na zona norte da cidade, de 20 milhões de habitantes.
Segundo os críticos, a nova lei integra a agenda nacionalista do primeiro-ministro Narendra Modi. Desde que foi apresentada em 11 de dezembro de 2019, ela provoca protestos e violência. O governo diz que o texto visa facilitar a naturalização de refugiados de minorias religiosas do Bangladesh, Afeganistão e Paquistão, mas exclui, contudo, os muçulmanos oriundos desses países.
A lei também provocou críticas no exterior, ao despertar o temor de que Modi deseje remodelar a Índia secular em uma nação hindu, o que marginalizaria os 200 milhões de muçulmanos que vivem no país. Modi nega que este seja o seu objetivo.
Trump elogia diversidade cultural e religiosa indiana
Na segunda-feira (24), Trump e Modi participaram em um comício diante de 100.000 pessoas no maior estádio de críquete do mundo, em Ahmedabad. Em seu discurso, o presidente americano elogiou a “diversidade cultural e religiosa da Índia”. Ele também saudou a ação de seu “grande amigo” Narendra Modi.
Mas os elogios e a boa recepção não conseguiram superar os desentendimentos comerciais entre os dois países e a visita do presidente americano terminou sem nenhum avanço concreto. Apesar de Trump ter falado em “dois dias fantásticos” ao lado do líder formidável que é Modi e de “enorme progresso” nas negociações, um acordo comercial bilateral parece distante.
Embora as medidas possam parecer insignificantes em comparação com a guerra comercial aberta com a China, Trump impôs tarifas ao aço e ao alumínio indianos e suspendeu o acesso de certos produtos a zonas isentas de impostos. Modi respondeu com o aumento das tarifas de alguns produtos americanos, como as amêndoas da Califórnia, no valor de US$ 600 milhões.
Trump e Modi assinaram, no entanto, acordos no setor de defesa por US$ 3 bilhões, incluindo a venda de helicópteros navais, e negociaram um escudo de defesa antimísseis no valor de US$ 1,9 bilhão.
A primeira potência mundial e a terceira economia da Ásia estão preocupadas com a crescente influência da China e no ano passado assinaram um grande acordo de cooperação militar. Para os Estados Unidos, a Índia representa um aliado estratégico na região para barrar a potência chinesa.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro