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ONU/Clima

ONU prevê multiplicação de fenômenos meteorológicos extremos a partir de 2020

A década iniciada em 2010 foi a mais quente da história, alertou a ONU nesta quarta-feira (15). O dado confirma o aquecimento global inexorável da Terra, caracterizado pelo aumento de eventos climáticos extremos.

Violentos incêndios florestais devastam a Austrália desde o final de setembro de 2019.
Violentos incêndios florestais devastam a Austrália desde o final de setembro de 2019. SAEED KHAN / AFP
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"Infelizmente, esperamos ver muitos eventos climáticos extremos em 2020 e nas próximas décadas, alimentados pela emissão de níveis recordes de gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera", disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, em um comunicado. A agência acrescentou que suas análises confirmam a informação fornecida pelo monitor climático da União Europeia na semana passada, que mostra que 2019 foi o segundo ano mais quente de todos os tempos, depois de 2016.

As previsões para 2020 não são nada boas. "Este ano começou, na continuidade de 2019, com acontecimentos meteorológicos e climáticos de forte impacto", como na Austrália. O país continente viveu no ano passado o período mais quente e mais seco já registrado em sua história. O calor recorde "preparou o terreno para os imensos incêndios devastadores" na ilha, apontou a OMM.

Segundo o balanço oficial, as queimadas australianas provocaram a morte de 28 pessoas, destruíram mais de 2.000 casas e devastaram uma zona de 100.000 quilômetros quadrados, maior do que a superfície da Coreia do Sul. Os incêndios também atrapalharam as classificações do torneio de tênis Aberto da Austrália, disputado em Melbourne.

Globalmente, as temperaturas médias desses cinco e dez últimos anos foram as mais elevadas desde o início dos registros.

Cada década mais quente do que a anterior

A partir dos anos 1980, cada década foi mais quente do que a anterior, segundo a OMM, que acredita na continuação dessa tendência. Segundo a agência especializada da ONU, a temperatura mundial anual em 2019 superou em 1,1°C a média registrada na época pré-industrial (1850-1900). "Segundo a trajetória atual das emissões de dióxido de carbono, nos dirigimos a um aumento da temperatura de 3 a 5 graus Celsius até o final do século", advertiu Taalas.

"O que acontece não é um azar incrível relacionado a um fenômeno meteorológico qualquer. Sabemos que as tendências de longo prazo são determinadas pelos níveis crescentes de CO2 na atmosfera", explicou Gavin Schmidt do centro espacial Goddard da Nasa, que forneceu dados para o estudo.

Dados da Agência oceânica e atmosférica americana NOAA revelam também que o Ártico e a Antártica registraram em 2019 sua segunda superfície mais reduzida, com o derretimento de suas geleiras.

Acordo de Paris

O Acordo de Paris de 2015 busca limitar o aquecimento entre +1,5°C e +2°C, mas mesmo se os cerca de 200 países signatários respeitarem seus compromissos de redução de gás de efeito estufa, o aquecimento poderá superar os 3°C.

Os cientistas já demostraram que cada meio grau a mais aumenta a intensidade e/ou a frequência de ondas de calor, tempestades, secas ou inundações. Apesar dessa constatação, a conferência climática da ONU (COP25), realizada em dezembro em Madri, não esteve à altura da urgência climática. Foi uma chance perdida na opinião do secretário-geral da ONU, António Guterres, que pede mais ambição na luta contra o aquecimento global.

As temperaturas recorde não são o único problema que preocupam a comunidade internacional. Derretimento de geleiras, alta histórica dos níveis marítimos, acidificação e aumento do calor dos oceanos, condições meteorológicas extremas são alguns dos fenômenos que caracterizaram a década passada, segundo a OMM.

(Com informações da AFP)

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