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Queimadas

Brasileiras relatam drama na Austrália: muita fumaça e medo de falta de alimentos

Com as queimadas que chegam cada vez mais perto de Camberra, os moradores da capital australiana se preparam para uma possível evacuação neste sábado (4). Entre eles, brasileiras que vivem na cidade contam como a fumaça das queimadas e a situação de emergência têm afetado o cotidiano.

Carro desaparece em meio à fumaça em estrada que leva de Cooma a Camberra. A fumaça das queimadas florestais atinge a capital australiana.
Carro desaparece em meio à fumaça em estrada que leva de Cooma a Camberra. A fumaça das queimadas florestais atinge a capital australiana. JODIE BRADBY CANBERRA AUSTRALIA/via REUTERS
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Por Caroline Amaral Coutinho, da RFI Brasil

“Está difícil sair na rua com tanta fumaça”, afirma Michelle Filó, servidora pública que mora em Camberra há 20 anos. “Mesmo estando em época de férias escolares, não viajamos, escolhemos ficar em casa e não sair muito na rua para não ficarmos doentes”, conta.

Moradora da capital australiana, a maior preocupação para Michelle é com a escassez de alimentos e combustível. Com ruas fechadas e cidades evacuadas, os estoques de supermercados ficam cada vez mais reduzidos.

Desde setembro, mais de 5,9 milhões de hectares foram devastados pelos incêndios em todo o país. A área é mais extensa que a de países como Dinamarca e Holanda. Os incêndios já provocaram ao menos 20 mortes.

A brasileira Michelle Filó mora em Camberra há 20 anos
A brasileira Michelle Filó mora em Camberra há 20 anos Acervo pessoal

“Na minha região não tem muito risco porque não tem floresta, estamos preocupados com o risco das queimadas fora da região que afetam a gente aqui”, explica.

Para Kátia Osternack, que trabalha na embaixada brasileira em Camberra, as fumaças têm se tornado insuportáveis. Há mais de um mês os ventos levam a fumaça dos incêndios em Nova Gales do Sul para a capital.

"Há dias bons, com o céu mais ou menos nublado, e dias insuportáveis como ontem (quinta-feira), que não dá para sair de casa”, explica a moradora da capital australiana.

Alerta para os moradores

Em pleno verão australiano com temperaturas perto de 40°C, o jornal local The Canberra Times alertou moradores sobre o risco de usar aparelhos de ar-condicionado que podem contaminar as residências com fumaça com ar do exterior.

Com a piora da situação, os moradores buscam maneiras caseiras de evitar a inalação da fumaça. Mãe de um bebê de quatro meses, Kátia Osternack veda as janelas com toalhas molhadas.

A zona urbana de Camberra está em estado de alerta com a previsão de tempo seco e uma nova onda de calor para este sábado (4). As autoridades pediram à população que se preparar para os riscos relacionados às altas temperaturas.

Apesar do estresse, alguns moradores não preveem a possibilidade de deixarem suas regiões. Para Kátia, o alarme lembra os incêndios em Camberra em 2003, quando foi documentado o primeiro caso de um tornado de fogo no país.

“Mesmo em 2003, eu não precisei evacuar, mas foi traumatizante ficar dentro de casa trancada, protegendo janelas e portas, com tudo no carro, já pronta para ir embora em caso de necessidade”, lembra.

Resgate no litoral

Em outras regiões do país, o processo de evacuação já é realidade. O exército do país iniciou nesta sexta-feira (3) uma operação para resgatar 4.000 pessoas refugiadas no litoral sudeste australiano, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

Moradores e turistas foram resgatados pelo mar, muitos estavam bloqueados nas praias desde o réveillon.

Com altas temperaturas durante os meses de janeiro e fevereiro no país, não há previsão iminente do fim dos incêndios no país.

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