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Líbano/Japão/França

Rumores e memes sobre a fuga espetacular de Carlos Ghosn do Japão agitam réveillon

Os detalhes da fuga de Carlos Ghosn, 65 anos, da prisão domiciliar no Japão para o Líbano ainda são desconhecidos, mas aos poucos novos elementos são revelados. Nas redes sociais, a fuga espetacular, que lembra filmes de espionagem, gerou uma onda de memes nesta terça-feira (31).

Meme sobre as três etapas do escândalo envolvendo Carlos Ghosn.
Meme sobre as três etapas do escândalo envolvendo Carlos Ghosn. Reprodução
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Fontes oficiais libanesas informam que o ex-presidente da aliança Renault Nissan Mitsubishi entrou no Líbano, na segunda-feira (30), com um passaporte francês. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da França afirma que não foi informado sobre a saída de Ghosn de Tóquio e tomou conhecimento de sua chegada em Beirute pela imprensa.

As autoridades libanesas dizem que o ex-executivo entrou legalmente no país e não será alvo de qualquer medida judicial. Símbolo de sucesso da diáspora libanesa no meio empresarial, Ghosn é admirado pela população e recebe apoio das autoridades locais desde o início de suas dificuldades no Japão. Logo depois de ser preso, em 19 de novembro de 2018, em Tóquio, o embaixador japonês no Líbano foi convocado para dar explicações à chancelaria. Um simpatizante do milionário chegou a lançar uma campanha com o slogan "Nós somos todos Carlos Ghosn". O ministro do Interior da época declarou: "O fênix libanês não será queimado pelo sol do Japão".

Segundo informações do correspondente da RFI em Beirute, Paul Khalife, Ghosn teria sido "retirado" do Japão por uma agência de serviços de segurança privada. O jornal árabe al-Akhbar afirma que o ex-executivo teria planejado, organizado e executado pessoalmente a operação.

Fuga rocambolesca

Ghosn desembarcou em Beirute a bordo de um jatinho procedente de Istambul, na Turquia. A imprensa no Líbano evoca um possível desembarque na noite de domingo. O canal de televisão LBC acrescenta que ele teria viajado do Japão à Turquia dentro de uma caixa. É certo que uma operação desta natureza exige uma organização complexa e deve ter contado com a cumplicidade de pessoas nos três países envolvidos, Japão, Turquia e Líbano.

Nesta manhã, o franco-líbano-brasileiro publicou um comunicado confirmando que estava no Líbano por “se recusar a permanecer refém de um sistema judiciário japonês parcial”.

"Não fugi da Justiça, me libertei da injustiça e da perseguição política", afirmou no texto. Ele prometeu falar à imprensa na semana que vem. Ghosn tem uma casa em Beirute e está ao lado de sua mulher, Carole, "livre e feliz", informaram pessoas próximas do ex-executivo.

Nas redes sociais, internautas brincam que o magnata dará uma grande festa de Ano Novo, como fez para seu casamento com Carole no Palácio de Versalhes.

Meme publicado pelo site Huffpost sobre a surpresa manifestada pelo principal advogado de Carlos Ghosn, Junichiro Hironaka, ao saber da fuga no Japão.
Meme publicado pelo site Huffpost sobre a surpresa manifestada pelo principal advogado de Carlos Ghosn, Junichiro Hironaka, ao saber da fuga no Japão. Reprodução

"Passaporte falso"

Na França, o site do jornal Les Echos diz que Ghosn teria usado um passaporte falso para passar pelos controles de imigração no território japonês. Durante a manhã, a secretária de Estado do Ministério da Economia e das Finanças, Agnès Pannier Runacher, declarou que Ghosn não está acima da lei, mas "tem o apoio consular da França".

A televisão japonesa, citando uma fonte anônima, informa que os serviços de imigração do Japão não dispõem de qualquer registro da passagem de alguém com o nome de Carlos Ghosn pela fronteira. Os japoneses estão estarrecidos e se perguntam como um dos homens mais conhecidos do planeta pôde deixar o país com tanta facilidade.

Ghosn estava em prisão domiciliar em Tóquio, aguardando seu julgamento em 2020 por fraude fiscal e financeira. Desde sua prisão, em novembro de 2018, seus advogados e sua família denunciaram condições de detenção arbitrárias, que feriam o direito internacional.

As autoridades japonesas podem lançar um mandado de prisão internacional contra ele, mas a medida teria pouco efeito prático, uma vez que o Líbano e o Japão não possuem um acordo de cooperação para extradições. Para escapar das garras das autoridades japonesas no exterior, Ghosn deve tomar o cuidado de não viajar para países que tenham assinado um tratado de extradição com Tóquio, como é o caso do Brasil, por exemplo.

Perplexidade da defesa

O principal advogado japonês de Ghosn, Junichiro Hironaka, declarou esta manhã estar perplexo com a viagem e que não teve nenhum contato com seu cliente. Hironaka garantiu que Ghosn não pode ter viajado com nenhum de seus três passaportes, que permanecem guardados por seus advogados em Tóquio. Internautas fizeram brincadeira com o espanto do advogado publicando um meme com a frase: "Advogado procura cliente".

O ex-executivo é acusado de não declarar às autoridades fiscais do Japão mais de R$ 160 milhões que ganhou entre 2010 e 2015, de usar indevidamente bens da Nissan em benefício próprio, de ter dado prejuízo à montadora de automóveis numa transferência de fundos e de repassar à empresa uma dívida particular. Desde o começo do caso, Ghosn denunciou uma "conspiração" por parte da companhia japonesa para impedir um projeto de integração reforçada com a Renault.

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