Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Embaixada do Brasil em Jerusalém é trunfo político para Netanyahu

Publicado em:

O anúncio de que o Brasil vai transferir sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, em 2020, pode ajudar politicamente o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que enfrenta sua terceira campanha eleitoral em menos de um ano.

Inauguração do escritório de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos em Jerusalém pode ajudar politicamente Netanyahu.
Inauguração do escritório de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos em Jerusalém pode ajudar politicamente Netanyahu. Amos Ben Gershom, GPO
Publicidade

Correspondente da RFI em Israel

O anúncio de transferência da embaixada foi feito no domingo (14), durante a cerimônia de abertura da escritório em Jerusalém da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a Apex-Brasil. O evento que contou com a presença do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que preside da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.

Durante o evento, o deputado, que é filho do presidente Jair Bolsonaro, disse que seu pai garantiu que vai transferir em 2020 (quer dizer, no ano que vem), a embaixada do Brasil para Jerusalém – uma promessa de campanha que até hoje não saiu do papel.

A embaixada fica hoje em Tel Aviv, como a maioria absoluta das representações diplomáticas de outros países em Israel porque o status de Jerusalém é complicado. Israel declara Jerusalém como sua capital indivisível, mas os palestinos querem a parte Oriental da cidade como capital de um futuro Estado independente.

A maior parte da comunidade internacional acredita que o status de Jerusalém deve ser negociado entre israelenses e palestinos, e a ONU determinou, oficialmente, que Jerusalém seja internacionalizada, com um governo apolítico, por ser uma cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos.

Mas o presidente Jair Bolsonaro declarou sua intenção de seguir os Estados Unidos e reconhecer Jerusalém como capital de Israel, transferindo a embaixada para a cidade.

Repercussões políticas

Para Netanyahu, a transferência de qualquer embaixada para Jerusalém é uma vitória, porque demonstra que ele tem a habilidade política e diplomática de convencer o mundo da posição israelense.

Isso é visto pelo público interno como algo extremamente positivo, já que os israelenses, tanto de direita quanto de esquerda, consideram Jerusalém como sua capital. Quer dizer: um anúncio como esse eleva a imagem de Netanyahu como líder e como figura internacional de destaque. E isso é importantíssimo para o primeiro-ministro neste momento.

Netanyahu enfrenta sua terceira campanha eleitoral em menos de um ano e nessecita elevar sua imagem diante dos eleitores. A primeira votação aconteceu em abril e a segunda em setembro. Elas terminaram em empate técnico entre o partido governista de direita Likud, de Netanyahu, e os rivais de centro-esquerda da coligação Azul e Branco, do ex-general Benny Gantz.

Depois dos pleitos, nem Netanyahu nem Gantz conseguiram formar governos com maioria no Parlamento. Então, foram convocadas novas eleições para 02 de março de 2020.

Importância de apoios

Netanyahu precisa desesperadamente de qualquer apoio para vencer dessa vez. Isso porque ele está sob indiciamento por corrupção e, se mantendo como primeiro-ministro, tem o direito de pedir imunidade parlamentar.

Netanyahu está no poder há 10 anos ininterruptos, mas quer continuar no cargo não só por ambições políticas. Ele quer evitar ir aos tribunais e enfrentar, quem sabe, uma condenação que o leve à cadeia.

Por isso, o apoio de aliados como o do presidente americano Donald Trump e de Bolsonaro, do Brasil, é importante para ele atrair votos de eleitores.

Posição de Bolsonaro

A transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém foi uma promessa de campanha de Bolsonaro para a sua base eleitoral evangélica, que apoia Israel nesse embate sobre a quem pertence a cidade.

Os evangélicos se baseiam em textos bíblicos para acreditar que Deus entregou o local aos judeus. Aliás, foi exatemente isso que disse o deputado federal Eduardo Bolsonaro, durante a cerimônia de abertura do escritório da Apex. Segundo o filho do presidente, reconhecer Jerusalém como capital de Israel é “normal” porque está na Bíblia.

A ligação entre a base evangélica do governo Bolsonaro e o apoio a Israel é um assunto polêmico. A ideia de que evangélicos pelo mundo apoiem o país por causa do imaginário religioso e não considerando o Estado moderno de Israel, é mais do que debatido.

Mas, para Bolsonaro, Jerusalém e Israel são palavras-chave para receber apoio dos evangélicos, que exigem a transferência da embaixada e já demonstram impaciência pelo fato da promessa não ter sido concretizada até agora.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.