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Linha Direta

China crescerá menos para dar 'céu azul' aos chineses

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A China reúne durante duas semanas as principais autoridades do país no 12° Congresso Nacional do Povo, a sessão anual do Parlamento que avalia o desempenho da economia, faz um balanço da política e projeta o futuro do país. Na abertura do encontro, em Pequim, o governo anunciou uma nova meta de crescimento econômico de 6,5% para 2017 e medidas em vários setores para continuar desenvolvendo o país.

Cerca de 5.000 membros do Parlamento chinês estão reunidos em sua grande sessão anual até 15 de março.
Cerca de 5.000 membros do Parlamento chinês estão reunidos em sua grande sessão anual até 15 de março. REUTERS/Thomas Peter
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Pequim

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, garantiu neste domingo (5) que o governo está "travando uma forte guerra para preservar o céu azul" no país, dois meses depois de um pico de poluição no qual o norte da China ficou sob alerta vermelho durante seis dias, encoberto por nuvens tóxicas.

A nova meta de crescimento da economia, fixada em 6,5% para este ano, deve ajudar as autoridades a cumprir essa promessa. O percentual é um pouco menor do que o de 2016, quando a meta foi estipulada em uma faixa entre 6,5% e 7%. O objetivo foi cumprido, com a economia chinesa registrando uma expansão de 6,7% no período. Agora, na sessão anual do Parlamento, o governo deixa claro que vai continuar tirando o pé do acelerador gradualmente.

Ao divulgar as diretrizes para a economia, o primeiro-ministro afirmou que fixou valores "realistas". Nada disso é surpresa para os mercados, que sabem que a China agora deverá crescer dentro do que o Partido Comunista chamou de “novo normal”. Há alguns anos, as autoridades já tinham antecipado que a era da expansão econômica de dois dígitos estava encerrada. Isso deve ajudar o país a cortar as emissões de gases poluentes e buscar um crescimento mais sustentável.

O primeiro-ministro chinês também anunciou a criação de 11 milhões de postos de trabalho este ano, com o objetivo de manter a taxa de desemprego urbana abaixo de 4,5%. Na abertura do encontro, que contou com a presença do presidente Xi Jinping, Li disse ainda que o crescimento internacional continuava patinando e alertou para os riscos de retrocesso na globalização e o aumento do protecionismo.

Indústrias "zumbis" serão fechadas

Ao prometer uma China de "céu azul", o governo confirma a sua preocupação com o que pensa a opinião pública. O tema da poluição tem sido tratado amplamente pelas redes sociais e até mesmo pelos jornais estatais do país.

As autoridades anunciaram o fechamento das chamadas indústrias zumbis, principalmente nas áreas de carvão e aço. Elas têm esse nome porque são indústrias que produzem intensamente, porém com prejuízo, ou seja, poluem mais do que geram crescimento.

Outro ponto importante da agenda econômica chinesa é o destaque que se pretende dar ao empreendedorismo, com estímulos variados, entre eles, cortes de impostos. O primeiro-ministro falou em "energizar" o setor privado.

Como outros países do mundo, a China também está preocupada com as contas públicas. O país acaba de anunciar cortes de pelo menos 5% nos gastos. As administrações locais terão de seguir o exemplo do governo central.

Gatos com defesa vão aumentar de 7%

O governo decidiu ainda aumentar de 7% os gastos com defesa, de acordo com um anúncio feito por Fu Ying, porta-voz do Congresso. O movimento pode parecer algo na linha do que fizeram os Estados Unidos, ao anunciar um aumento no orçamento de defesa de 10% para este ano. Mas é preciso lembrar que os americanos gastam quatro vezes mais com o setor do que os chineses.

O aumento representa uma estabilização depois do crescimento do ano passado, que elevou o orçamento militar oficial para 954 bilhões de iuanes (US$ 140 bilhões). Analistas asiáticos e ocidentais avaliam, no entanto, que os gastos reais do Exército chinês são muito mais elevados.

O orçamento militar chinês é monitorado com atenção por seus vizinhos asiáticos, principalmente por causa das pretensões de Pequim no Mar da China Meridional.

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