A China reúne durante duas semanas as principais autoridades do país no 12° Congresso Nacional do Povo, a sessão anual do Parlamento que avalia o desempenho da economia, faz um balanço da política e projeta o futuro do país. Na abertura do encontro, em Pequim, o governo anunciou uma nova meta de crescimento econômico de 6,5% para 2017 e medidas em vários setores para continuar desenvolvendo o país.
Vivian Oswald, correspondente da RFI em Pequim
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, garantiu neste domingo (5) que o governo está "travando uma forte guerra para preservar o céu azul" no país, dois meses depois de um pico de poluição no qual o norte da China ficou sob alerta vermelho durante seis dias, encoberto por nuvens tóxicas.
A nova meta de crescimento da economia, fixada em 6,5% para este ano, deve ajudar as autoridades a cumprir essa promessa. O percentual é um pouco menor do que o de 2016, quando a meta foi estipulada em uma faixa entre 6,5% e 7%. O objetivo foi cumprido, com a economia chinesa registrando uma expansão de 6,7% no período. Agora, na sessão anual do Parlamento, o governo deixa claro que vai continuar tirando o pé do acelerador gradualmente.
Ao divulgar as diretrizes para a economia, o primeiro-ministro afirmou que fixou valores "realistas". Nada disso é surpresa para os mercados, que sabem que a China agora deverá crescer dentro do que o Partido Comunista chamou de “novo normal”. Há alguns anos, as autoridades já tinham antecipado que a era da expansão econômica de dois dígitos estava encerrada. Isso deve ajudar o país a cortar as emissões de gases poluentes e buscar um crescimento mais sustentável.
O primeiro-ministro chinês também anunciou a criação de 11 milhões de postos de trabalho este ano, com o objetivo de manter a taxa de desemprego urbana abaixo de 4,5%. Na abertura do encontro, que contou com a presença do presidente Xi Jinping, Li disse ainda que o crescimento internacional continuava patinando e alertou para os riscos de retrocesso na globalização e o aumento do protecionismo.
Indústrias "zumbis" serão fechadas
Ao prometer uma China de "céu azul", o governo confirma a sua preocupação com o que pensa a opinião pública. O tema da poluição tem sido tratado amplamente pelas redes sociais e até mesmo pelos jornais estatais do país.
As autoridades anunciaram o fechamento das chamadas indústrias zumbis, principalmente nas áreas de carvão e aço. Elas têm esse nome porque são indústrias que produzem intensamente, porém com prejuízo, ou seja, poluem mais do que geram crescimento.
Outro ponto importante da agenda econômica chinesa é o destaque que se pretende dar ao empreendedorismo, com estímulos variados, entre eles, cortes de impostos. O primeiro-ministro falou em "energizar" o setor privado.
Como outros países do mundo, a China também está preocupada com as contas públicas. O país acaba de anunciar cortes de pelo menos 5% nos gastos. As administrações locais terão de seguir o exemplo do governo central.
Gatos com defesa vão aumentar de 7%
O governo decidiu ainda aumentar de 7% os gastos com defesa, de acordo com um anúncio feito por Fu Ying, porta-voz do Congresso. O movimento pode parecer algo na linha do que fizeram os Estados Unidos, ao anunciar um aumento no orçamento de defesa de 10% para este ano. Mas é preciso lembrar que os americanos gastam quatro vezes mais com o setor do que os chineses.
O aumento representa uma estabilização depois do crescimento do ano passado, que elevou o orçamento militar oficial para 954 bilhões de iuanes (US$ 140 bilhões). Analistas asiáticos e ocidentais avaliam, no entanto, que os gastos reais do Exército chinês são muito mais elevados.
O orçamento militar chinês é monitorado com atenção por seus vizinhos asiáticos, principalmente por causa das pretensões de Pequim no Mar da China Meridional.
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