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Acordo histórico cria maior reserva marinha do mundo na Antártica

Uma comissão internacional chegou nesta sexta-feira (28) a um acordo histórico para a criação da maior reserva marinha do mundo para conservar as águas da Antártida, uma resolução obtida após anos de negociações sem sucesso pela oposição da Rússia.

Pinguins no Mar de Ross, onde será criada a maior reserva marinha do mundo
Pinguins no Mar de Ross, onde será criada a maior reserva marinha do mundo Oceanwide Expeditions
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O acordo firmado pela Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCRVMA) conseguiu estabelecer, finalmente, a criação de uma reserva gigante na zona do mar de Ross, uma imensa baía no Pacífico, indicou o ministro das Relações Exteriores da Nova Zelândia, Murray McCully.

Último oceano intacto do mundo

O Mar de Ross, uma imensa área sob a jurisdição da Nova Zelândia, é conhecido como o "último oceano" por ser considerado o último ecossistema marinho intacto do planeta, sem contaminação, pesca excessiva ou espécies invasoras. A área protegida cobre mais de 1,55 milhão de quilômetros quadrados, dos quais 1,12 milhão são zonas de exclusão de pesca. A área equivale à soma dos territórios do Reino Unido, França e Alemanha.

McCully revelou que o texto exigiu algumas mudanças para receber o apoio unânime dos 25 membros, mas garantiu que o acordo final conjuga proteção da vida marinha, pesca sustentável e interesses dos cientistas. "As fronteiras, de qualquer forma, permaneceram inalteradas".

Esta comissão, criada em 1982 por uma convenção internacional, toma suas decisões por consenso, o que significa que, para uma proposta ser aceita, nenhum membro pode expressar oposição. "Pela primeira vez, os países superaram suas divergências para proteger uma grande área do oceano austral e águas internacionais", celebrou Mike Walker, diretor do projeto da organização Antarctic Ocean Alliance.

A Rússia era o último país a se opor à reserva, por sua preocupação em torno dos direitos de pesca. No ano passado, a China anunciou seu apoio ao santuário natural. "Quando chegamos a Hobart (Austrália) não sabíamos qual seria o resultado e era necessário que a Rússia apoiasse", explicou à AFP Evan Bloom, diretor da delegação americana. "Tivemos longas conversas com eles. O secretário de Estado John Kerry entrou em contato com o presidente russo Vladimir Putin e o chanceler Sergei Lavrov e acredito que isto ajudou a convencer a Rússia", disse.

"O Mar de Ross é apenas o começo"

No Oceano Antártico, que representa 15% da superfície dos oceanos, há ecossistemas excepcionais que contêm mais de 10.000 espécies únicas, muitas delas preservadas das atividades humanas mas ameaçadas pelo desenvolvimento da pesca e da navegação.

O acordo acontece após anos de pressões das organizações de defesa do meio ambiente, incluindo os esforços da associação Avaaz, apoiadas pelo astro Hollywood Leonardo DiCaprio e por mais de dois milhões de assinaturas em todo o mundo. "Há um grande movimento em todo o planeta para proteger os oceanos", disse o diretor da campanha da Avaaz, Luis Morago. "O Mar de Ross é apenas o começo", completou.

A poderosa organização americana de lobby Pew Charitable Trusts celebrou a decisão. "Esta decisão é histórica porque é a primeira vez que os países aceitam proteger uma gigantesca porção de oceano além das jurisdições nacionais", afirma em um comunicado Andrea Kavanagh, diretora para a Antártica da organização.

A história do Mar de Ross

O mar foi batizado com esse nome em homenagem ao explorador James Ross. Sua tataraneta, Phillipa Ross, disse que a família está muito feliz com a decisão: "A família Ross está eufórica de que o legado de nossa família seja honrado no 175º aniversário da data em que James descobriu o Mar de Ross. Muito obrigado às pessoas e às organizações que se dedicaram de corpo e alma para defender esta proteção", afirmou.
 

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