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ONU

Quem é Antonio Guterres, o português que pode se tornar secretário-geral da ONU

O Conselho de Segurança da ONU designou nesta quinta-feira (6) o ex-primeiro-ministro de Portugal Antonio Guterres para substituir Ban Ki-moon, que permanece no cargo de secretário-geral até o fim deste ano. A decisão definitiva ficará sob a responsabilidade dos 193 países-membros da Assembleia Geral das Nações Unidas e deve ser anunciada até o fim deste mês.

O ex-primeiro-ministro português Antonio Guterres deve ser escolhido como o próximo secretário-geral da ONU.
O ex-primeiro-ministro português Antonio Guterres deve ser escolhido como o próximo secretário-geral da ONU. REUTERS/Denis Balibouse/File photo
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Antonio Guterres tem reputação de ser um homem de ação e um defensor incansável dos migrantes. Engenheiro de formação e católico fervoroso, Guterres, de 67 anos, foi o responsável pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) entre junho de 2005 e dezembro de 2015.

Com fama de ser insistente sobre a questão, o ex-primeiro-ministro nunca se cansou de advertir os países ricos sobre a necessidade de não poupar esforços pelos refugiados. Guterres sempre lembrou aos dirigentes europeus que os conflitos na Síria, no Iraque e no Afeganistão implicariam em milhões de refugiados para a Europa.

"Os que dizem que não podem receber os refugiados sírios porque são muçulmanos estão apoiando as organizações terroristas e permitindo que elas sejam muito mais eficazes para recrutar", alertou no último mês de dezembro, pouco antes de terminar seu mandato no Acnur.

Seus dois mandatos à frente da agência da ONU estiveram marcados pelas reformas de suas estruturas internas e pela redução em um terço do número de trabalhadores em seu quartel-general de Genebra. Uma atitude que chegou a ser classificada pelo ex-presidente de Portugal Aníbal Cavaco como "um legado" para a organização. Antonio Guterres é hoje "uma voz respeitada e ouvida no mundo todo", diz seu compatriota.

Um engenheiro com o dom do discurso

Nascido em Lisboa em 30 de abril de 1949, Guterres entrou no Partido Socialista português após a Revolução dos Cravos de 1974, que pôs fim a quase cinco décadas de ditadura. Em 1976, foi eleito deputado nas primeiras eleições democráticas após a revolução. Embora fosse engenheiro, ganhou rapidamente fama de bom orador. Em 1992, passou a ocupar o cargo de secretário-geral do partido, que na época fazia parte da oposição.

Em 1995, o socialista levou seu partido à vitória nas eleições gerais e se tornou primeiro-ministro. Na época, Portugal vivia um rápido crescimento econômico, quase sem desemprego, o que lhe permitiu implementar o salário mínimo, uma das principais medidas de seu governo.

Grande defensor da União Europeia, estabeleceu como uma de suas principais metas o cumprimento de todos os critérios para entrar na moeda única e esteve entre os 11 primeiros países que adotaram o euro em 1999. Sob sua direção, os socialistas foram reeleitos nesse mesmo ano, embora sem maioria absoluta.

Posicionamento contra o aborto

Mas nem tudo são flores na carreira de Antonio Guterres. Seus opositores o acusam de ter contribuído para a vitória do "não" no referendo de 1998 para legalizar o aborto em Portugal. Embora tenha permitido a consulta, o ex-primeiro-ministro chegou a dizer publicamente que era contra a mudança de lei.

A presidência rotativa da União Europeia exercida por Portugal, sob sua direção, durante a primeira metade do ano 2000, foi considerada um sucesso. Mas, logo depois sua popularidade começou a cair devido aos problemas na economia do país. Em 2001, após o fracasso dos socialistas nas eleições locais, Guterres renunciou, alegando que queria evitar que o país caísse em um "pântano político". Finalmente, abandonou a política portuguesa para se concentrar na carreira diplomática.

Decisão unânime

O Conselho de Segurança da ONU apoiou de maneira unânime nesta quinta-feira o ex-primeiro-ministro de Portugal para ocupar o cargo do próximo secretário-geral da organização. Em uma reunião a portas fechadas, os 15 membros adotaram a resolução que apresenta formalmente Guterres à Assembleia Geral, na qual os 193 países-membros devem aceitar a nomeação até o fim de outubro.

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