Os moçambicanos adoram as novelas brasileiras. Uma paixão que começou nos anos 80, com o impagável Odorico Paraguaçu, de "O Bem Amado", e dura até hoje.
Fábia Belém, correspondente da RFI Brasil em Maputo
Se tem energia elétrica, tem novela, na casa da moçambicana Artemisia Alberto. "Se não assistir a novela, nem durmo", brinca a mulher.
Em 1986, os espectadores da TVM, a televisão de Moçambique, conheceram "O Bem Amado", a primeira telenovela brasileira exibida no país. O sucesso foi tanto que, no ano seguinte, "Roque Santeiro" invadiu os lares do país. Desde essa época, o número de canais de TV aumentou, assim como o interesse pelas novelas.
Para Miguel Uassiquete, diretor do canal STV, a primeira razão do interesse pelas novelas brasileiras tem a ver com a proximidade cultural. "Os moçambicanos se refletem muito na realidade humana dos brasileiros".
Comportamento
A tela da TV passou a ser um espelho do comportamento e do jeito de vestir dos personagens. A tele-espectadora Artemísia revela que as filhas são influenciadas pelo vestuário brasileiro.
Ester Kumbani tem uma boutique e um salão de cabeleireiros em Maputo, capital de Moçambique. Ela conta que muitas clientes fazem pedidos inspirados nas novelas brasileiras: "As pessoas encomendam roupas que as atrizes vestem e querem as mesmas. Como sabem que trago artigos do Brasil, tento procurar e trazer para elas", fala a profissional. "Com os cabelos é a mesma coisa", ela diz.
Miquel Aciketi ressalta que a influência dos folhetins é tanta, que muitos telespectadores moçambicanos incorporaram palavras ditas e repetidas nas tramas como, por exemplo, "Que legal!".
Dar nome de personagem de novela para alguém da família, também é comum. Jessica, personagem da atriz Mila Christie na novela "Meu bem, meu mal", foi parar no registro de nascimento da prima de Lucia Fernando: "O que me levou a dar esse nome à prima é que o ouvi pela primeira vez e gostei. Jessica...", diz Lucia, para quem há histórias que repercutem até hoje, como se saíssem da ficção para a vida real.
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