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Linha Direta

Rússia vira aliado privilegiado da França em ataques contra o grupo EI

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O governo russo confirmou na terça-feira (17) que uma bomba foi a causa da queda do avião russo na península do Sinai, no dia 31 de outubro, que deixou 224 pessoas mortas. O país vinha pedindo cautela na divulgação de qualquer hipótese a respeito da queda do avião russo e insistia que não fossem feitas especulações antes de que as investigações oficiais tivessem terminado.

François Hollande e President Vladimir Putin
François Hollande e President Vladimir Putin REUTERS/Regis Duvignau
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Sandro Fernandes, correspondente da RFI em Moscou

Mas o Reino Unido e os Estados Unidos já tinham dito que havia indícios muito grandes de que teria sido um atentado terrorista. E um grupo alegadamente vinculado ao Estado Islâmico também tinha reivindicado o atentado, dizendo que era uma represália aos ataques da Rússia na Síria.

Ontem, finalmente, Alexander Bortnikov, o chefe do FSB, o Serviço de Segurança da Rússia, disse em um encontro com o presidente Vladimir Putin que vestígios de explosivos de fabricação estrangeira foram encontrados em destroços do avião e em pertences pessoais dos passageiros.

Borntikov disse que “de acordo com uma análise feita pelos especialistas (russos), uma bomba caseira contendo até 1 kg de TNT explodiu durante o voo, levando que o avião se partisse em pleno ar”, o que explicaria o fato de a fuselagem estar espalhada por uma distância tão grande.

Com tantas provas, o chefe do Serviço de Segurança da Rússia declarou que já “é possível dizer de forma inequívoca que (a queda do avião russo no Egito) foi um ato terrorista". 224 pessoas morreram no atentado.

Nesta quarta-feira (18), durante a cúpula da Apec em Manila, nas Filipinas, o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, disse que o Estado Islâmico declarou guerra a todo o mundo civilizado” e pontuou que “a ameaça é global e absolutamente real”.

Intensificação dos ataques

Putin ordenou que a força aérea russa intensifique seus ataques na Síria como resposta aos atentados do Estado Islâmico e disse que o incidente com o avião russo foi um dos atos mais sangrentos na história moderna da Rússia.

O Kremlin prometeu caçar os responsáveis onde quer que eles se escondam, eliminar todos os terroristas e intensificar os ataques aéreos contra militantes islâmicos na Síria.

Outra mudança decorrente dos ataques em Paris e da confirmação do atentado contra o avião russo é a decisão tomada pela Rússia e pela França de coordenarem os ataques na Síria para atingir os jihadistas pelo ar e pelo mar. Putin disse que os dois países devem trabalhar como parceiros e desenvolver um plano de ação conjunto.

Durante a cúpula do G20, na Turquia, Putin já havia dito que era o momento de unir esforços e de que não é hora de ver quem é mais ou menos efetivo na luta contra o Estado Islâmico.

A coalizão liderada pelos Estados Unidos que opera na Síria afirmou estar pronta para cooperar com a Força Aérea russa, se necessário. Até então, os aliados de Washington se recusavam a coordenar as suas ações com Moscou.

Ações militares na Síria

As aeronaves russas centraram suas operações ontem em Raqqa, na Síria, a "capital" do grupo Estado Islâmico. A Rússia lançou na terça-feira um ataque em massa com bombardeiros estratégicos e mísseis de cruzeiro contra os extremistas, informou o Sergei Shoigu, ministro da Defesa aqui da Rússia.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, Valeri Guerasimov, afirmou que a aviação russa utilizou novamente mísseis de cruzeiro de longo alcance, que destruíram 14 infraestruturas terroristas.

A missão russa na Síria, que começou há quase 50 dias e já efetuou 2,3 mil saídas, vai ser reforçada com 37 novos aviões, que se somam às 50 aeronaves já usadas nas incursões russas no país.

Opinião dos russos

Os russos apoiam a ação do Kremlin na Síria e os veículos de comunicação são os grandes responsáveis por isso. As três televisões russas – Rossiya, NTV e Perviy Kanal, que são controladas direta ou indiretamente pelo Estado - vêm exibindo à exaustão, desde o início da incursão aérea russa na síria, reportagens que exaltam os ataques russos.

O discurso dessas TVs sempre compara a eficácia russa à ineficácia americana em combater o Estado Islâmico. No último fim-de-semana, durante a cúpula do G20, as TVs russas destacaram o fato de Putin não estar isolado no assunto da crise síria.

Uma pesquisa realizada pelo centro de opinião pública russo VTsIOM indicou que 69% dos russos têm muito interesse na situação da Síria e na luta contra o terrorismo, e 53% disseram apoiar os ataques da Rússia no território sírio.

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