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Rússia/Síria

Assad considera operação de Moscou na Síria única saída para o conflito

A Rússia intensificou neste domingo (4) seus bombardeios na Síria, em uma intervenção que o presidente sírio, Bashar Al-Assad, considerou crucial para evitar que o Oriente Médio seja "destruído". Os aviões russos atacaram, pelo quinto dia consecutivo, vários alvos na Síria e destruíram posições do grupo Estado Islâmico (EI), segundo Moscou.

Captura de um vídeo divulgado em 1° de outubro, que mostra técnicos russos trabalhando em avião militar na Síria
Captura de um vídeo divulgado em 1° de outubro, que mostra técnicos russos trabalhando em avião militar na Síria REUTERS/Reuters TV/Pool
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Mas os países ocidentais voltaram a lamentar que estes bombardeios atingem, sobretudo, os grupos rebeldes que enfrentam Assad e não só o EI. O presidente sírio, que concedeu sua primeira entrevista desde o início da intervenção russa na quarta-feira, considerou indispensável o êxito da coalizão contra "o terrorismo", formada por Síria, Rússia, Irã e Iraque.

"É preciso alcançar o êxito, senão toda a região será destruída e não só um ou dois países", declarou em uma entrevista para a televisão iraniana Khabar. "O preço a pagar será seguramente alto", completou Assad, dizendo-se convencido das "grandes possibilidades de sucesso" desta coalizão.

Assad, que está há 15 anos no poder e resistiu às revoltas de 2011 que derrubaram vários regimes árabes, se fortalece com a intervenção russa. Com a ajuda de Moscou, ele espera pôr fim à série de derrotas que suas tropas sofreram nos últimos meses. O Kremlin informou neste domingo que seus aviões Sukhoi fizeram 20 decolagens em 24 horas e bombardearam "10 alvos dos terroristas do EI".

"Erro grave"

O presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, por sua vez, declarou que a campanha empreendida por Moscou é "inaceitável". "Infelizmente, a Rússia está cometendo um erro grave", declarou em coletiva de imprensa, classificando a operação russa como "preocupante e perturbadora", dadas as relações amistosas entre os dois países. Isto "isolará a Rússia na região", avaliou o chefe de Estado, que usa a guerra contra o grupo Estado Islâmico como pretexto para combater as forças curdas ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Moscou e Ancara divergem sobre a forma de gerenciar a crise na Síria. Os russos representam o maior apoio internacional ao regime de Assad, enquanto a Turquia defende que sua saída do governo é a única solução para o conflito.

Inúmeros líderes ocidentais também exigiram que o presidente sírio abandone o poder. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um apelo aos russos em entrevista à BBC neste domingo: "Mudem de caminho, unam-se a nós para atacar o EI, mas reconheçam que se querem uma região estável, necessitamos de outro líder que não seja Assad. Infelizmente, pelo que podemos comprovar até agora, a maioria dos bombardeios russos ocorreram em zonas da Síria que não são controladas pelo EI, mas por outros opositores ao regime". O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, também pediu neste domingo a Moscou que "não se equivoque em seus objetivos".

Oposição moderada

A ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou que, na madrugada do domingo, várias bombas caíram sobre Raqa, a "capital" do EI, que controla cerca da metade do território sírio. Mas o OSDH não pode determinar se estes ataques foram obras de aviões russos, do regime ou da coalizão liderada por Washington.

Segundo a mesma fonte, outros aviões, "aparentemente russos", efetuaram vários ataques contra dois povoados do norte da província de Homs, uma região controlada em sua maioria por organizações rebeldes, como a Frente Al-Nusra, braço sírio da Al-Qaeda.

Um alto oficial do Estado Maior russo, o general Andrei Kartapolov, repetiu no sábado que a Rússia só ataca "terroristas", um termo que, tanto para o regime sírio quanto para o Kremlin, corresponde a todos os grupos que combatem as forças de Assad. Dmitri Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, lamentou neste domingo que os ocidentais não tenham sido capazes de explicar a Moscou quem forma, segundo eles, a "oposição moderada".

Com informações da AFP

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