Acessar o conteúdo principal
Coreia do Norte/Política

Coreia do Norte confirma afastamento de tio e mentor de Kim Jong-Un

A Coreia do Norte confirmou nesta segunda-feira, 9 de dezembro de 2013, a demissão do influente Jang Song-Thaek, tio e mentor do líder Kim Jong-Un. Pyongyang divulgou fotos da prisão humilhante daquele que até há pouco tempo era considerado o número dois do regime. Segundo a agência de notícias KCNA, um dos principais canais de propaganda do regime comunista, Jang foi demitido por ter cometido "atos criminonosos" e dirigido "uma facção contra-revolucionária".

Jang Song-Thaek, tio e mentor do líder norte-coreano Kim Jong-un, em foto de 2012.
Jang Song-Thaek, tio e mentor do líder norte-coreano Kim Jong-un, em foto de 2012. REUTERS/China Daily
Publicidade

O afastamento desse dirigente, assim como a execução de dois de seus conselheiros mais próximos, haviam sido anunciados na semana passada pelos serviços de inteligência sul-coreanos.

Quase dois anos após a ascensão ao poder do jovem Kim Jong-Un, com cerca de trinta anos, esse expurgo no alto escalão deve permitir que ele reforce sua liderança para fazer frente à Coreia do Sul e os ocidentais, que acusam Pyongyang de desenvolver mísseis intercontinentais de capacidade nuclear, segundo os especialistas.

"Jong-Un construiu uma base sólida para seu poder nos últimos dois anos e não precisa mais de um regente que parecia cada vez mais poderoso e ameaçador", diz Paik Hak-Soon, especialista do Instituto Sejong.

A televisão estatal - a única que existe na Coreia do Norte - divulgou fotos de Jang Song-Thaek nas quais ele aparece retirado de sua cadeira por dois homens de uniforme, durante o que parece ser uma assembleia política, sob o olhar de impassível de altos dignitários.

A divulgação de imagens mostrando a humilhação de dirigentes do alto escalão é extremamente rara na Coreia do Norte.

Trajetória

Kim Jong-Un chegou ao poder máximo após a morte de seu pai, Kim Jong-Il, em dezembro de 2011. O próprio Kim Jong-Il havia herdado o cargo em 1994 de seu pai Kim il-Sung, fundador da República popular democrática da Coreia em 1948.

Marido da irmã de Kim Jong-Il, Jang Song-Thaek, de 67 anos, foi considerado como o regente durante o período de transição, ao serviço de seu sobrinho, e número 2 não-oficial do regime.

O Partido dos trabalhadores reunido neste domingo confirmou ter "eliminado Jang e expurgado seu clã", segundo a KCNA. Em um comunicado em tom de advertência, o regime especificou que Jang havia formado um grupo sedicioso dentro do partido e nomeado seus fiéis a cargos estratégicos a fim de servir suas ambições políticas.

Jang tinha relações "não apropriadas" com as mulheres e havia sido "afetado pelo modo de vida capitalista", prossegue o comunicado. "Ideologicamente doente, extremamente ocioso, ele consumia drogas e desperdiçava moeda estrangeira nos cassinos quando se tratava no exterior às custas do partido", detalhou a KCNA.

Jang era vice-presidente da Comissão de defesa nacional, considerado o órgão de decisão mais poderoso do país. Boatos já falavam que ele caíra em desgraça em 2009, 2010 e 2011. Em 2004, Jang havia sido obrigado a uma longa "reeducação" em uma indústria de aço após uma acusação de corrupção, comum nos jogos de poder na Coreia do Norte. No ano seguinte ele voltou a ocupar uma posição influente, e se tornou ainda mais poderoso depois que Kim Jong-Il começou a ter problemas de saúde.

"Haverá uma onda de expurgos pelo país e Kim Jong-Un vai se tornar o único centro de poder, sem nenhuma contestação", prevê Yang Moo-Jin, professor na universidade de Estudos norte-coreanos de Seul.

Para Kim Yong-Hyun da universidade Dongguk em Seul, Jang era "a personalidade mais inclinada a militar agressivamente por reformas e pela abertura do regime norte-coreano".

A China, único aliado de peso de Pyongyang, avaliou que essa demissão é uma "questão interna" da Coreia do Norte.

Em um sinal suplementar da desgraça de Jang Song Thaek, a televisão estatal retirou de um documentário sobre o jovem dirigente as sequências nas quais seu tio aparecia. E todas as informações sobre Jang, sua mulher ou seus dois conselheiros executados foram retiradas do site da agência KCNA.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.