ONU aponta aumento de violência intercomunitária na Síria

O conflito sírio se tornou "abertamente intercomunitário", com uma clara oposição entre as forças da minoria alauita no poder contra a maioria sunita. Esta é a principal conclusão do novo relatório divulgado nesta quinta-feira pela comissão de investigadores da ONU sobre a Síria.

Os especialistas da ONU Paulo Sérgio Pinheiro e Carla del Ponte durante a apresentação do relatório em Bruxelas. REUTERS/Francois Lenoir

O risco de conflito intercomunitário envolvendo grupos étnicos e religiosos sempre esteve presente, afirmaram os quatro investigadores da ONU. Mas depois de 21 meses de combates, esse conflito entre diferentes comunidades se tornou mais evidente.

Segundo os especialistas, minorias como os cristãos, armênios, druzos e palestinos foram envolvidas nos confrontos, mas as tensões mais graves são entre os xiitas e os sunitas.

Diante da situação, comunidades inteiras poderão ser obrigadar a fugir da Síria, alerta o relatório elaborada pela comissão de experts da ONU, presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, único a ter visitado o país.

Diante da percepção de algumas comunidades de que estão realmente ameaçadas, a necessidade de uma saída negociada para o conflito se tornou mais urgente do que nunca, aponta a comissão.

No documento, os especialistas também denunciam a escalada da violência armada por todo o país. A maneira como os dois campos realizam os combates é "cada vez mais contrária ao direito internacional", diz o texto, que destaca o bombardeamento de hospitais.

Ele aponta ainda o surgimento de novos grupos armados de oposição que não estariam dispostos a se juntar ao Exércio Sírio Livre.

O relatório da ONU cobre o período de 28 de setembro a 16 de dezembro.