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Síria/Violência

Rebeldes matam irmão do presidente do parlamento sírio

O irmão do presidente do parlamento sírio foi assassinado nesta terça-feira por desconhecidos, segundo a televisão oficial do país. Trata-se da vítima mais recente de uma série de assassinatos que têm como alvo personalidades consideradas próximas do presidente Bashar al-Assad. Em viagem ao Oriente Médio, o premiê britânico David Cameron disse que aceitaria conceder imunidade ao chefe de Estado sírio caso ele aceite deixar o poder.

Tropas governamentais realizaram uma operação na cidade de Taldo, nos arredores de Homs, no centro da Síria.
Tropas governamentais realizaram uma operação na cidade de Taldo, nos arredores de Homs, no centro da Síria. REUTERS/Misra Al-Misri/Shaam News Network/Handout
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Entre as vítimas de atentados estão parlamentares, autoridades do partido governista Baas e seus familiares. Atores e médicos considerados partidários do presidente sírio também foram visados nos últimos dias.

"Homens armados assasinaram Mohammed Ossama al Laham, o irmão do presidente do Parlamento em Midan, no centro de Damasco", informou a televisão pública, sem dar mais detalhes. Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade do assassinato.

No mês passado, os rebeldes mataram o irmão de Khalid Abboud, um deputado originário da cidade de Deraa, no sul da Síria. O filho do célebre advogado Mohammed Kheir al Machi também foi assassinado no norte do país.

No domingo, a agência de notícias oficial Sana informou que os rebeldes haviam assassinado uma autoridade do Baas no norte. Combatentes contra o regime de Bashar al-Assad também anunciaram ter matado o ator Mohammad Rafei no bairro de Barzeh em Damasco, depois de seu sequestro no sábado.

Segundo Rami Abdelrahman, que dirige o Observatório sírio dos direitos humanos (OSDH), uma ong baseada em Londres e próxima da oposição, os militantes de Barzeh disseram ter matado o ator, conhecido por seus papeis em novelas de televisão, porque ele apoiava o chefe do Estado e fornecia às forças de segurança informações sobre os manifestantes e os rebeldes.

"Praticamente todos os dias acontecem ataques e haverá muitos outros nos próximos dias", disse Rami
Abdelrahman, que dispõe de uma vasta rede de contatos de ativistas e rebeldes na Síria.

Negociações

Em uma entrevista publicada nesta terça-feira pelo jornal Al Hayat, Lakhdar Brahimi, emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria, disse temer que o país tenha um destino parecido com o da Somália, onde milícias e seus chefes de guerra ocuparam o vazio deixado pelo desmoronamento das estruturas estatais.

Em Amman, o chefe da diplomacia russa, Sergueï Lavrov, pediu nesta terça-feira que a oposição renuncie a exigir a saída de Assad como uma condição preliminar a negociações para o fim do conflito.

Em uma declaração após uma reunião com o ex-primeiro-ministro sírio Riad Hidjab, que desertou em agosto e se refugiou na Jordânia, o ministro russo das Relações Exteriores acusou os opositores sírios de não levarem em consideração a vida de seus compatriotas ao exigirem a partida imediata do chefe de Estado.

"A coisa mais importante é parar a violência imediatamente. Se o outro campo pensa que é mais importante mudar o regime de Damasco, então isso significa que eles querem continuar o banho de sangue na Síria".

O ministro russo foi corrigido por Riad Hidjab, que declarou que a partida de Bashar al-Assad era "a única porta de saída" para uma solução negociada para a crise.

Em visita oficial a Abu Dhabi, o primeiro-ministro britânico evocou uma solução possível ao falar da partida de Assad da Síria acompanhada de uma eventual imunidade judiciária. "É necessário fazer tudo para que esse homem deixe seu país e a Síria tenha uma transição segura", declarou David Cameron a uma rede de televisão árabe.

"Naturalmente, eu preferiria que ele respondesse por seus atos diante da justiça e segundo o direito internacional. Certamente não vou oferecer acolhida na Grã-Bretanha, mas se ele deseja partir, que o faça, isso pode ser organizado", disse Cameron.

Conflito

Uma grande parte da oposição síria, atualmente reunida em Doha para se reestruturar, impõe como condição necessária a qualquer negociação a saída de Assad, que por sua vez se recusa categoricamente a considerar uma partida e se disse várias vezes determinado a acabar com a rebelião.

Seu exército acelerou os ataques aéreos sobre zonas habitadas, sobretudo no noroeste do país, onde um avião de caça matou nesta segunda-feira 22 civis somente na localidade de Dafr Nabal, segundo a ong OSDH.

Os rebeldes contam com o apoio de grupos fundamentalistas, incluindo a Frente Al-Nosra, que conheceu uma ascensão fulgurante na Síria, e inflingiram perdas pesadas às forças do regime.

Um carro-bomba dirigido por um kamikaze da Frente Al-Nosra matou nesta segunda-feira ao menos 50 combatentes pró-regime no centro do país, enquanto um outro atentado não reivindicado matou 13 civis em Damasco, sempre segundo o OSDH.

De acordo com a mesma organização, mais de 250 pessoas morreram em todo o país nesta segunda-feira, um dos dias mais sangrentos desde o início da rebelião. Cerca de uma centena das vítimas eram membros das forças de Assad.

Ao menos 12 membros das forças do governo morreram nesta terça-feira na explosão de uma bomba na província de Idleb, e outros 20 ficaram feridos. Até o início da tarde desta terça-feira a violência já fez 41 mortos no país, na contagem do OSDH. Em quase 20 meses, mais de 36 mil pessoas já morreram vítimas do conflito na Síria.
 

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