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Egito/ eleições

Islâmico e ex-premiê disputarão segundo turno de eleições no Egito

Os dois finalistas da eleição presidencial no Egito, o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, e o general da reserva Ahmed Chafiq – último primeiro-ministro do ex-ditador Hosni Mubarak – iniciaram hoje a campanha para o segundo turno, nos dias 16 e 17 de junho. Os dois oponentes buscam o apoio de uma opinião pública bastante dividida e se colocaram como defensores da revolução realizada no ano passado.

Ex-premiê de Mubarak, Ahmed Chafiq conseguiu chegar ao segundo turno das eleições egípcias.
Ex-premiê de Mubarak, Ahmed Chafiq conseguiu chegar ao segundo turno das eleições egípcias. REUTERS/Ammar Awad
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Os resultados oficiais da votação feita na quarta e quinta-feiras serão divulgados nos próximos dias. Mas conforme a Irmandade Muçulmana, 90% das urnas já foram apuradas e confirmam a presença dos dois no segundo turno. Chafiq concedeu hoje uma coletiva de imprensa em que tentou atenuar a imagem de ex-integrante do antigo regime, deposto através de violentas manifestações.

“Não há espaço para um retorno do antigo regime. O Egito mudou e não poderá voltar atrás”, afirmou o candidato. O ex-premiê foi obrigado a deixar o cargo por pressão das ruas em 11 de março de 2011, logo após a demissão de Mubarak. “A revolução que vocês provocaram foi-lhes confiscada. Eu me comprometo a trazê-la de volta para vocês.” Chafiq ofereceu uma aliança aos demais candidatos derrotados nesta primeira etapa das eleições.

O esquerdista Hamdeen Sabahy aparece em terceiro lugar. Funcionários da Irmandade Muçulmana disseram ainda que seu candidato teve 25% dos votos, e que Chafiq ficou em segundo.

O primeiro turno polarizou os egípcios entre aqueles que desejam evitar a eleição de um político religioso e os que temem a volta de políticos ligados ao deposto regime. A ascensão do ex-colaborador reflete a preocupação de muitos egípcios com a desordem e com a violência política que assola o país desde a deposição de Mubarak.

Chafiq é apoiado pela comunidade cristã copta – cerca de 10% da população -, preocupada com um eventual governo islâmico e veem com temor as propostas da Irmandade para a adoção de uma legislação islâmica. Entretanto, os jovens, principais agitadores da revolução, o acusam de ser o candidato dos militares que ocupam atualmente o poder.

A Irmandade Muçulmana lançou uma forte campanha contra o ex-premiê, afirmando que ele coloca as mudanças no país “em perigo”. “Nós precisamos de um país democrático, e Chafiq é contra a democracia”, declarou um dirigente do partido, Essam el-Eriane.

"Agora os egípcios vão ter de escolher entre a revolução e a contrarrevolução. A próxima votação será o equivalente a um referendo sobre a revolução", disse Mohamed Beltagy, dirigente da Irmandade Muçulmana.
A direção do partido afirmou que vai se reunir "para galvanizar os eleitores islâmicos e egípcios para enfrentar o bloco dos 'feloul'", termo pejorativo que remete a remanescentes do regime de Mubarak. O partido convidou políticos de outras correntes, inclusive Sabahy, para discutir uma futura coalizão, segundo Yasser Ali, dirigente do Partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade.

Eleição histórica

A eleição, que pela primeira vez na história egípcia representa uma disputa real, marca o apogeu de uma turbulenta transição desde a revolta que derrubou Mubarak, há 15 meses. Mas o segundo turno pode motivar mais distúrbios, pois adversários de Chafiq prometem sair às ruas se ele for eleito.

Já a vitória de Mursi pode agravar as tensões entre os políticos islâmicos, que são maioria no Parlamento, e as Forças Armadas, que há 60 anos dominam a política do país, e devem manter forte influência depois que a junta militar empossar o novo presidente, em 1º de julho.
 

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