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Japão/Acidente Nuclear

Especialista explica os efeitos da radiação nuclear na saúde

As autoridades japonesas informaram nesta terça-feira que a radiação liberada na atmosfera após um incêndio ocorrido no reator 4 da usina nuclear de Fukushima 1 pode causar danos à saúde humana. Em entrevista à RFI, a especialista em radioproteção Sandra Bellintane, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), explica as consequências da contaminação para o corpo humano e a natureza.

Reuters
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As informações vindas do Japão são preocupantes. Os acidentes repetidos nos reatores da usina nuclear de Fukushima colocam em risco a saúde humana. A Agência Internacional de Energia Atômica confirmou que a estrutura que protege o reator 2 da usina sofreu um abalo que pode ter comprometido o confinamento das substâncias radioativas. Uma explosão no reator 4 também liberou partículas nocivas na atmosfera. As autoridades japonesas recomendaram a 140 mil pessoas que vivem na região a ficar em casa e vedar todas as entradas de ar. 

O comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, disse que as autoridades japonesas praticamente perderam o controle do que acontece na usina de Fukushima. O comissário europeu descreveu o acidente nuclear no Japão como "um apocalipse" e disse que "o pior ainda está por vir". 

Segundo dados meteorológicos atualizados nesta terça-feira, a nuvem radioativa que escapou da central nuclear se dirige para o oceano Pacífico e não para o interior do continente asiático. Depois da catástrofe de Chernobyl, em 1986, a nuvem carregada de substâncias radioativas se espalhou no hemisfério norte durante três semanas.

10:09

Sandra Bellintane, especialista em Radioproteção do IPEN

A especialista em radioproteção Sandra Bellintane, do IPEN, lembra que quanto maior for a proximidade da usina, maior é o risco de radiação. Quando ocorre liberação de material radioativo no ambiente, os materiais liberados são produtos de fissão, explicou a pesquisadora. Átomos menores se formam a partir da quebra do núcleo do urânio. Esses átomos são o iodo, o césio, o xenônio e outros gases, que se espalham no ar. "As pessoas se contaminam inalando essas partículas ou por depósito na pele." A contaminação no solo e na água vem em seguida. 

De acordo com Sandra Bellintane, é muito difícil saber quanto tempo vai durar a dispersão das partículas radioativas no Japão. Os cientistas trabalham com um conceito que é a meia vida do material, isto é, o tempo que cada substância demora para reduzir sua atividade à metade em relação ao valor inicial. O césio demora 30 anos para decair, o iodo tem uma meia vida de oito dias. Os valores variam, segundo a especialista.

Para cada radioisótopo existe um tratamento. O iodo radioativo é neutralizado com iodo estável. A contaminação por césio é tratada com uma substância conhecida como azul da Prússia. Em grau elevado, a contaminação por radiação nuclear pode matar e produzir queimaduras na pele, além de aumentar significativamente o risco de câncer.

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