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Senado italiano suspende imunidade parlamentar de Salvini em julgamento sobre migrantes

O Senado italiano suspendeu, nesta quinta-feira (30), a imunidade de Matteo Salvini, chefe da Liga (de extrema direita), para que ele seja julgado pelo bloqueio de migrantes no mar quando era ministro do Interior. A suspensão foi aprovada com 149 votos a favor, e 141 contra. "Tenho orgulho de ter defendido a Itália e faria tudo de novo", declarou Salvini.

O Senado italiano pode ter decidido o futuro do chefe de extrema direita da Liga, Matteo Salvini, ao por fim à sua imunidade parlamentar.
O Senado italiano pode ter decidido o futuro do chefe de extrema direita da Liga, Matteo Salvini, ao por fim à sua imunidade parlamentar. AFP
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Essa votação ocorre no meio de um aumento nas travessias de migrantes no Mediterrâneo. Centenas deles desembarcam todos os dias nas costas das ilhas italianas de Lampedusa e Sicília, a bordo de pequenas embarcações, ou são resgatados no mar por navios humanitários e guardas costeiros.

Salvini é acusado pelo tribunal de Palermo, na Sicília, de sequestrar pessoas por se recusar, em agosto de 2019, na qualidade de Ministro do Interior, a autorizar o desembarque de mais de 80 migrantes a bordo de um navio humanitário.

Sem imunidade, Matteo Salvini, 47 anos, pode pegar até 15 anos de prisão neste caso. "Se alguém pensa em me assustar com um julgamento politicamente motivado, ele está errado", afirmou Salvini na Câmara.

Bloqueio de migrantes

Um comitê do Senado se manifestou em maio contra o fim da imunidade no caso, mas o Senado já havia aceito esta mesma medida em outro caso, pelo qual o líder da extrema direita italiana será julgado em 3 de outubro. Nesse procedimento, ele é acusado de bloquear 116 migrantes em julho de 2019 por vários dias a bordo do Gregoretti, um navio da guarda costeira.

E em ambos os casos, o partido de Salvini tentou se safar do processo, afirmando que o bloqueio de navios era uma decisão coletiva do governo e, portanto, também da responsabilidade do premiê italiano Giuseppe Conte.

Liga fragilizada

A luz verde do Senado para o fim da imunidade "certamente terá consequências para Salvini, cuja popularidade desmoronou desde o início da pandemia, que se tornou a principal preocupação dos italianos diante da imigração, seu tema favorito", argumentou o cientista político Franco Pavoncello.

Uma pesquisa do instituto Demopolis publicada nesta semana credita à Liga, seu partido, 25,4% das intenções de voto, uma queda de 11 pontos em um ano, enquanto o partido pós-fascista Fratelli d'Italia está em ascensão.

No entanto, a Liga, de extrema direita, continua sendo a principal formação política da Itália. "No momento, Salvini está gerando pouco interesse da mídia. A decisão de privá-lo da imunidade pode reviver a atenção da mídia", disse Pavoncello. No entanto, "um julgamento pode custar caro para ele a longo prazo, porque as acusações são graves", acrescentou.

Os contratempos de Matteo Salvini começaram em agosto de 2019, quando no posto de ministro do Interior e vice-primeiro ministro, ele cometeu um erro estratégico ao causar uma crise no governo.

"Il Capitano" perde em seu próprio jogo: a coalizão antinatural que seu partido, a Liga, formou desde junho de 2018 com o Movimento 5 estrelas (M5S), despedaçou e seu ex-aliado conseguiu formar um novo governo com o Partido Democrata (PD, centro-esquerda). Desde então, Salvini está navegando na oposição, sem abrir mão de sua ambição de um dia se tornar primeiro-ministro.

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