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Adolescente afegã que matou talibãs para vingar os pais diz estar "pronta para lutar de novo"

Uma adolescente afegã que atirou e matou dois combatentes do Talibã que assassinaram seus pais disse nesta quarta-feira (22) que está pronta para enfrentar qualquer outro extremista que tentar atacá-la. 

Qamar Gul, de apenas 15 anos, matou os radicais islâmicos que invadiram sua casa na semana passada em um vilarejo no distrito de Taywara, na província central de Ghor.
Qamar Gul, de apenas 15 anos, matou os radicais islâmicos que invadiram sua casa na semana passada em um vilarejo no distrito de Taywara, na província central de Ghor. © Reprodução Twitter @AfghanistanTime
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Qamar Gul, de apenas 15 anos, matou os radicais islâmicos que invadiram sua casa na semana passada em um vilarejo no distrito de Taywara, na província central de Ghor. "Não tenho medo deles e estou pronta para lutar contra eles novamente", disse à agência AFP por telefone, da casa de um parente.

Os talibãs chegaram por volta da meia-noite, segundo ela, que acrescentou que estava dormindo com o irmão de 12 anos em seu quarto quando ouviu a porta da casa abrir.

"Minha mãe correu para detê-los, mas a essa altura eles já haviam arrombado a porta", relatou a jovem. "Eles atiraram em meu pai e em minha mãe várias vezes. Fiquei aterrorizada." Momentos depois, "a raiva tomou conta de mim. Peguei a arma que tínhamos em casa, fui até a porta e atirei neles", relatou.

Qamar Gul explicou que seu irmão a ajudou quando um dos insurgentes, que parecia ser o líder, tentou se defender. "Meu irmão pegou a arma de mim e atirou nele. O soldado fugiu ferido, mas voltou mais tarde", continuou ela.

 Em seguida, vizinhos e milicianos pró-governo chegaram à sua casa. Os outros talibãs finalmente fugiram após um longo tiroteio.

Orgulhosa

As autoridades afegãs disseram que os talibãs mataram o pai, que era o líder da vila, porque ele apoiava o governo. Os insurgentes costumam matar moradores suspeitos de serem informantes do governo ou das forças de segurança.

O distrito de Taywara, onde está localizada a vila, é uma área remota e cenário de confrontos quase diários entre as forças do governo e o Talibã.

 Qamar Gul comentou que seu pai a ensinou a disparar um fuzil AK-47. "Tenho orgulho de ter matado os assassinos dos meus pais", disse ela, mas lamentou não ter conseguido se despedir deles. "Depois de matar os dois talibãs, fui ver meus pais, mas eles não estavam respirando. Sinto-me triste, não consegui me despedir."

Afegãos inundaram as mídias sociais para elogiar a jovem, e uma foto dela, usando um lenço na cabeça e segurando uma AK-47, foi amplamente compartilhada.

Centenas de pessoas pediram ao governo para protegê-la. "Exijo que o presidente a ajude e a transfira para um lugar seguro, pois sua segurança e a de sua família estão em risco", escreveu Fawzia Koofi, uma importante ativista de direitos das mulheres e ex-parlamentar, no Facebook.

O presidente Ashraf Ghani também elogiou a adolescente por "defender sua família contra um inimigo cruel", disse seu porta-voz Sediq Sediqqi à agência AFP.

Um porta-voz do Talibã confirmou que uma operação havia sido realizada na área do ataque, mas negou que qualquer um dos combatentes do grupo tenha sido morto por uma mulher.

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