França veta oficialmente uso da hidroxicloroquina para tratar Covid-19
O governo da França proibiu nesta quarta-feira (27) oficialmente o uso da hidroxicloroquina para tratar a Covid-19 nos hospitais, depois que dois organismos responsáveis pela saúde pública no país se declararam contrários à utilização da substância.
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Desde o fim de março, a hidroxicloroquina – um medicamento derivado da cloroquina, prescrita há várias décadas contra a malária – era utilizada, de maneira excepcional, nos hospitais franceses para tratar casos graves do novo coronavírus. A revogação do tratamento ocorre após a publicação, na semana passada, dos resultados de uma ampla pesquisa na respeitada revista médica The Lancet. O estudo apontou a ineficácia da molécula na evolução da nova infecção viral e os efeitos colaterais graves que ela pode causar aos enfermos da Covid-19.
A substância, promovida na França pelo controverso professor Didier Raoult, de Marselha, continua sendo defendida pelos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, apesar dos riscos evocados por vários especialistas, principalmente cardíacos.
Uso em testes clínicos continua temporariamente autorizado
A decisão do governo francês acontece após uma opinião desfavorável emitida na terça-feira (26) pelo Alto Conselho da Saúde Pública (HCSP), consultado pelo governo após a divulgação do estudo da revista The Lancet. O HCSP recomendou "não usar a hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 fora dos ensaios clínicos, sozinha ou em combinação com um antibiótico".
Um comunicado do Ministério da Saúde ressalta que a prescrição da molécula está banida tanto para pacientes contaminados pelo coronavírus que procuram atendimento em consultórios médicos, quanto nos hospitais que recebem os casos severos da doença. O ministro da Saúde, Olivier Véran, enfatizou que "a França foi marcada por tragédias de saúde relacionadas ao uso indevido de certas drogas".
A Agência Nacional de Segurança do Medicamento e Produtos de Saúde (ANSM) anunciou em paralelo que iniciou, "por precaução", o procedimento de suspensão de testes clínicos que avaliam o uso da hidroxicloroquina em pacientes com a Covid-19.
O medicamento, comercializado sob o nome de Plaquénil na França, faz parte de numerosos tratamentos testados desde o início da epidemia do novo coronavírus. O remédio permanece autorizado para combater doenças autoimunes, lúpus ou poliartrite reumatóide.
O decreto publicado hoje no Diário Oficial também põe fim à prescrição, fora de testes clínicos contra a Covid-19, do medicamento que associa lopinavir e ritonavir, dois antirretrovirais desaconselhados pela ANSM por seus riscos cardíacos.
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