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Insultos nas redes sociais aumentam e estão sendo punidos na França

O assédio cibernético é o tema em destaque do jornal Le Parisien desta terça-feira (9). Racismo, antissemitismo, sexismo, homofobia... os insultos não tem limites na internet, afirma o diário. Le Parisien entrevistou vários usuários das redes sociais, desde celebridades a cidadãos comuns, para falar sobre este verdadeiro fenômeno na sociedade francesa.

pixabay.com
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Um estudo feito pela Associação Respect Zone (Zona de Respeito, em tradução livre), indica que os internautas franceses inundam diariamente a internet com cerca de 200 mil mensagens com todo tipo de ofensas e injúrias. A pesquisa teve como base os dados de uma empresa moderadora, que contabiliza as mensagens rejeitadas por vários sites.

Le Parisien lembra que vários artistas no país, como os cantores Christophe Willem, Benjamin Biolay e Michel Polnareff simplesmente fecharam suas contas em redes sociais diante dos insultos que sofriam por parte de um grupo pequeno, mas muito agressivo de internautas.

Willem, em entrevista ao jornal, disse ter fechado sua conta no dia 18 de janeiro, rompendo um canal de comunicação com mais de 350 mil seguidores. Ele diz que cansou de ser assediado durante cinco anos com até 300 mensagens ofensivas por dia. Segundo ele, o Twitter não quis divulgar o endereço IP do autor da mensagem (que permite identificar o computador da mensagem) e a polícia recusou sua queixa por considerar que "é o preço a pagar pela celebridade".

Um apresentador da principal rede de televisão na França, Christophe Beaugrand, homossexual, é uma das personalidades franceses mais ativas nas redes sociais, com 545 mil seguidores no Twitter e outros 175 mil no Facebook. Apesar de ser vítima frequente de insultos homofóbicos, Christophe, de 39 anos, diz ter conseguido superar as agressões e tomar distanciamento das ofensas muitas vezes de extrema violência. "É preciso saber se blindar", disse ao Le Parisien.

Reações e queixa na polícia

Uma psiquiatra entrevistada pelo jornal explica que o anonimato garantido pela rede mundial contribui para banalizar os insultos. No entanto, constata Le Parisien, aumenta o número de vítimas a reagir e prestar queixa na polícia e levar os casos aos tribunais de justiça.

Um exemplo é o do prefeito-adjunto de uma subprefeitura de Paris, Jean-Luc Romero. Ele foi ameaçado de morte pelo Twitter após se casar com seu companheiro. O autor do tuíte, um engenheiro de 31 anos, foi condenado pelo procurador de Paris a três anos de prisão por insultos e ameaça de morte. Estes crimes na França são punidos com até cinco anos de prisão e € 75 mil de multa, lembra Le Parisien.

Outro caso relatado pelo jornal é o de Elodie, mãe de um filho autista de 3 anos. Em sua conta no Facebook, ela recebeu mensagens com críticas por ter matriculado seu filho em uma escola na cidade de Carcassone, sul do país, e expor uma criança "anormal". "Você deveria ter vergonha", acusou a autora do texto.

A polícia não aceitou sua queixa porque não havia ameaça de morte. Revoltada, Elodie criou uma página no Facebook para sensibilizar as pessoas sobre o autismo e recebeu diversas mensagens de apoio, escreve Le Parisien. No entanto, ela foi obrigada a bloquear um comentário odioso e a polícia local deverá desta vez aceitar a queixa, afirma.

 

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