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Imprensa critica falhas nos controles policiais internos na Europa

Os principais jornais franceses se concentram nesta sexta-feira (20) no itinerário do terrorista belga de origem marroquina Abdelhamid Abaaoud. Considerado o mentor dos ataques do dia 13 de novembro em Paris, ele foi abatido pela polícia na quarta-feira (18) em Saint-Denis, na periferia da capital francesa. A imprensa questiona a porosidade do espaço Schengen, de livre circulação na Europa, que permitiu a Abaaoud viajar da Síria até Paris sem ser notado.

Placa em uma fronteira da Eslovênia adverte sobre chegada no espaço Schengen, de livre circulação na União Europeia.
Placa em uma fronteira da Eslovênia adverte sobre chegada no espaço Schengen, de livre circulação na União Europeia. REUTERS/Srdjan Zivulovic
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Condenado a 20 anos de prisão na Bélgica e objeto de um mandado de prisão internacional, Abaaoud fez várias viagens entre a Síria e a Europa sem ser identificado em nenhum posto fronteiriço nos últimos dois anos. O diário Aujourd'hui en France se pergunta: "Como ele se infiltrou na Europa"?

A reportagem questiona como um homem fichado em todos os serviços de inteligência europeus pode ter viajado da Síria até Paris sem ser detido. O jornal explica aos seus leitores que o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou que ainda não tem uma resposta para essa pergunta e que a investigação tenta desvendar o itinerário completo do terrorista.

Aujourd'hui en France destaca a livre passagem do terrorista pela Grécia. Segundo uma informação de inteligência fornecida pelo Marrocos à França, Abaaoud esteve na Grécia em janeiro. Uma fonte próxima às investigações revelou ao jornal que há três possibilidades para o sucesso do "périplo" do jihadista da Síria para Paris. Ou ele viajou com sua identidade verdadeira sem nunca ter sido controlado, o que é dificilmente imaginável; ou ele foi controlado e houve uma falha do país em questão; ou ele viajou com uma identidade falsa, a tese mais provável.

Restabelecimento dos controles nas fronteiras

Le Figaro diz que os atentados de Paris colocam em cheque o acordo do espaço Schengen, de livre circulação na Europa. O jornal considera que a presença de Abaaoud em solo francês demonstra as falhas da luta antiterrorista no bloco e relança o debate sobre esse acordo europeu. Le Figaro enfatiza que o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, criticou ontem coletivamente as outras capitais europeias pela falta de assistência e de agilidade, em todos os níveis, na luta contra o grupo Estado Islâmico. O ministro ficou perplexo por ter recebido a informação sobre Abaaoud do Marrocos, um no norte da África, dando conta de que Abaaoud passou pela Grécia.

Para Cazeneuve, é necessário adotar medidas eficazes, seguras e rápidas de controle das fronteiras externas da União Europeia. Além dos atentados de Paris, a chegada sem controle de mais de 800 mil refugiados e a entrada pela Bélgica e pela Grécia de supostos terroristas do Estado Islâmico colocam em cheque a livre circulação, adotada em 1995.

O premiê francês, Manuel Valls, disse que, se os líderes europeus não assumirem suas responsabilidades, o espaço Schengen será questionado pela população e opositores. Antes dos ataques, vários países da União Europeia já haviam estabelecido temporariamente uma forma ou outra de controle na fronteira, como França, Alemanha, Suécia, Holanda, Hungria e Áustria.

Um jornal holandês revelou ontem, inclusive, uma reflexão no país sobre a possibilidade de estabelecer uma minizona de Schengen, circunscrita a Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha e Áustria. A chanceler alemã, Angela Merkel, também já havia levantado a questão do fim da zona de livre circulação.

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