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Cresce na França preocupação com uso de psicoativos no local de trabalho

Uma reunião nesta quinta-feira (22), em Paris, promovida pela Missão interministerial de luta contra drogas e comportamentos viciantes (Mildeca, na sigla em francês), foi a ocasião para a imprensa francesa discutir a prevenção do uso de produtos psicoativos no ambiente profissional. O assunto é motivo de preocupação crescente de executivos de empresas.  

Alerta sobre o uso de álcool e outras drogas no local do trabalho
Alerta sobre o uso de álcool e outras drogas no local do trabalho Pixabay.com
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O jornal francês Aujourd'hui en France traz com exclusividade os resultados de uma pesquisa que será apresentada no encontro interministerial promovido pelo governo francês. O estudo diz que 85% dos diretores das empresas e responsáveis de Recursos Humanos estão preocupados com o consumo de produtos psicoativos como álcool, maconha e até medicamentos.

Segundo o documento, 91% deles acreditam que os funcionários consomem durante o período de trabalho ao menos um produto psicoativo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, psicoativos ou drogas psicoativas atuam diretamente no sistema nervoso central, provocando alterações de humor, comportamento e cognição.

Até que ponto uma cervejinha no final da tarde com os colegas do trabalho não esconde uma verdadeira dependência do álcool? Será que o médico que vai operar um paciente não está sob o efeito de um ansiolítico para controlar o stress? Essas perguntas feitas pelo jornal Aujourd'hui en France revelam uma preocupação cada vez maior com o uso de substâncias psicoativas no ambiente profissional.

Efeitos nefastos

Os efeitos do uso de drogas ou álcool, por exemplo, são nefastos, lembra o jornal. O consumo exagerado pode atrapalhar as relações entre os colegas, levar um funcionário a faltar com frequência ao trabalho, diminuir a produtividade e até provocar situações dramáticas. Aujourd'hui en France relembra o caso da clínica Orthez, na região sudeste do país, que levantou questionamentos sobre o impacto do uso de produtos entorpecentes.

Uma anestesista da clínica estava sob efeito do álcool quando precisou aplicar uma anestesia peridural em uma mulher grávida de 28 anos. Ela errou o procedimento ao confundir as vias digestivas com as vias respiratórias e provocou a morte da paciente. Exames revelaram que a anestesista tinha consumido uma quantidade excessiva de álcool dois dias antes da aplicação. A profissional acusa a clínica de ter disponibilizado material defeituoso. A justiça irá decidir quem será responsabilizado pelo drama.

Testes nas empresas?

Segundo o Aujourd'hui en France, para evitar novas tragédias o governo francês quer melhorar a formação de médicos trabalhistas para detectar com mais rapidez os riscos de vícios a produtos psicoativos.

Segundo o jornal, muitas categorias profissionais estão adotando medidas preventivas, entre elas, os anestesistas. Segundo estudos internacionais, entre 1 e 5% da categoria são dependentes de produtos psicoativos. O Sindicato Nacional dos Anestesistas criou um número para que os profissionais possam, de maneira anônima, fazer um teste para avaliar se têm alguma dependência a produtos psicoativos.

A Mildeca chama atenção para um novo fenômeno: para ter melhor desempenho profissional diante das pressões no trabalho, muitos empregados estão usando substâncias dopantes, que vão de supervitaminas a drogas entorpecentes. Por isso, o jornal questiona se não seria conveniente as empresas instituírem testes entre seus funcionários para detectar mais rapidamente o problema.
 

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