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Linha Direta

Chavismo enfrenta sua pior crise na Venezuela, após 16 anos no poder

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O "chavismo" enfrenta um cenário bastante preocupante para as próximas eleições legislativas na Venezuela, que serão realizadas no dia 6 de dezembro. Sem o grande apoio que obtinham entre as camadas populares, e também minados por graves problemas internos, os governistas correm o risco de perder a corrida para a  Assembleia Nacional. Uma eventual derrota pode representar o risco de uma fratura no regime criado pelo ex-presidente  Hugo Chávez. Vamos a Caracas conversar com Elianah Jorge, a correspondente da RFI Brasil na Venezuela.

O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro (C), durante uma sessão especial no Parlamento, no dia 17 de outubro de 2015.
O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro (C), durante uma sessão especial no Parlamento, no dia 17 de outubro de 2015. REUTERS/Miraflores Palace
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Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas

Pela primeira vez, depois de 16 anos de Hugo Chávez e seu sucessor no poder, Nicolás Maduro, o governo corre o risco de perder nas urnas. A insatisfação popular com o regime bolivariano nunca esteve tão forte, até mesmo entre os simpatizantes do "chavismo".

De acordo com uma pesquisa da empresa de consultoria Venebarómetro, em setembro deste ano o governo de Nicolás Maduro contava com apenas 21,3% de popularidade. As razões desta queda são os problemas de escassez, a altíssima inflação e a criminalidade, que vêm aumentando a cada dia.

Já a oposição não tem conseguido seduzir o eleitor. Faltam propostas concretas para conquistar este amplo grupo de descontentes, além da fragmentação interna do governo, onde uma guerra de egos impede traçar estratégias eficientes. Quem vem ganhando força nesta corrida é a indecisão do eleitor, que afirma que não sabe em quem votar.

Conquista dos eleitores

Há poucos dias o governo anunciou um aumento de 30% do salário mínimo, o quinto só neste ano, que entra em vigor a partir de 1° de novembro. A medida não estava prevista e é taxada de populista pelos opositores.

Mas a principal carta usada pelo governo é o projeto social Grande Missão Vivenda (Moradia). Maduro afirma que até o fim do ano vai outorgar um milhão de casas à população de baixa renda, tradicionais simpatizantes do "chavismo".

Porém o ritmo das entregas das moradias está lento, se comparado com anos anteriores. Mesmo conseguindo distribuir essa grande quantidade de residências, o ato não representa a conquista do eleitor. Muitos não aprovam o rumo atual do chavismo. Já a oposição aumenta os esforços nas regiões menos favorecidas, buscando ganhar mais visibilidade, nos meios de comunicação do país.

Preocupado, o governo propôs à oposição a assinatura de um acordo para respeitar os resultados eleitorais das eleições, o que foi negado pelo secretário executivo da coligação opositora Mesa da Unidade Democrática, Jesús Chuo Torrealba. Ele afirma desconhecer o conteúdo do acordo. Por sua vez, Maduro afirmou que o chavismo vai ganhar dia 6 de dezembro “seja como for”.

Criminalidade em alta

O aumento da criminalidade é um problema antigo no país. Por isso, o governo lançou há algumas semanas um novo plano, a Operação para a Libertação do Povo (OLP). Mas a iniciativa não vem dando o resultado esperado. Tanto que a população, farta de viver acuada com medo dos assaltos, seqüestros e assassinatos, tem partido para o linchamento de criminosos.

De acordo com analistas, os linchamentos evidenciam o estado de decomposição institucional. Chama atenção que neste período eleitoral nenhum partido ou candidato queira arriscar um custo político para se posicionar em relação a crimes bárbaros.

Outro problema que está surgindo no país é o ataque com granadas, o que já causou a morte de 33 pessoas. O governo tem evitado falar sobre esses incidentes. O estado de exceção, aplicado em algumas regiões do país, pode atrapalhar as eleições.

A volta de Rosales

Seis anos após ter fugido da Venezuela, Manuel Rosales, figura política que estava aparentemente esquecida, voltou ao país. Assim que pisou no aeroporto de Zúlia, Estado que governou por dois mandatos, Manuel Rosales foi preso. Ele já estava consciente que seria assim.

O político de 62 anos afirma que voltou para ajudar o país. Mas ninguém entendeu muito bem porque este homem que viveu os últimos anos no Peru, após fugir da Venezuela ao ser acusado de enriquecimento ilícito, resolveu voltar.

Vale destacar que Rosales ganhou fama no país não por sua política, mas por frases cômicas, tais como “se me matam e eu morro” ou “quero abraçar a todos com os braços”. Para alguns, o ressurgimento de Rosales foi calculado para buscar conexões políticas fragilizadas, o que pode ser traduzido como uma ação para unir eleitores.

Outros afirmam que Rosales é um político em decadência e desconectado da realidade venezuelana. Há até a especulação de que ele teria feito um acordo para se aliar ao governo contra a oposição ou conseguir uma anistia, o que poderia contribuir para melhorar a opinião do eleitorado sobre o governo, a pouco mais de um mês das eleições.

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