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Linha Direta

Deputados conservadores do Reino Unido ainda estão indecisos sobre permanência do país na UE

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O Partido Conservador do Reino Unido, que está no governo, encerrou sua conferência anual na quarta-feira. Um dos assuntos abordados pelo primeiro-ministro, David Cameron, foi a possível saída do país da União Europeia. O Reino Unido deve realizar um referendo sobre a questão em 2017.

Premiê britânico David Cameron no discurso de encerramento do congresso do Partido., le 7 octobre 2015 à Manchester.
Premiê britânico David Cameron no discurso de encerramento do congresso do Partido., le 7 octobre 2015 à Manchester. REUTERS/Suzanne Plunkett
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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

O primeiro-ministro David Cameron reiterou, no discurso dele, que vai querer batalhar para renegociar a situação do Reino Unido dentro da União Europeia. Mas, ao mesmo tempo, vai manter a realização do referendo em 2017. Ele justifica essa aparente incoerência dizendo que se conseguir que o bloco atenda suas exigências, vai fazer campanha para que o país continue na União Europeia.

Cameron nunca deixou claro o que exatamente ele pretende negociar, mas de maneira geral se sabe que o governo britânico quer restringir benefícios para imigrantes e quer poder colocar barreiras à livre circulação dos cidadãos europeus pelos países do bloco. Ele disse aos delegados do Partido Conservador que não está interessado no princípio da “união cada vez mais estreita”, que é uma das bases da ideologia da União Europeia. O premiê considera que o bloco é “grande demais, muito mandão, e interfere mais do que o necessário”.

Por outro lado, ele afirmou que se trata do maior mercado único do mundo e que isso é interessante para o Reino Unido. Diante disso, por exemplo, foi divulgada a notícia de que Cameron recentemente se reuniu com empresários britânicos e pediu para que eles falem abertamente para o público sobre os benefícios e os prejuízos que essas empresas têm por causa da União Europeia.

O referendo de 2017 foi uma promessa de campanha nas eleições para o Parlamento Europeu em 2014, quando os conservadores sentiram que havia o risco de perderem votos para o Ukip, o partido de direita que recusa abertamente a permanência do Reino Unido no bloco. Mesmo não tendo perdido terreno para o Ukip da maneira que se previa, os conservadores tiveram que manter a promessa quando foram reeleitos para o governo em maio passado.

Deputados conservadores indecisos sobre referendo

Uma das primeiras coisas que Cameron fez quando se reuniu com os novos parlamentares conservadores, depois das eleições de maio, foi dar a eles carta branca para tomarem a posição que quisessem sobre esse assunto. Então, não há uma diretriz interna no partido para que eles sejam abertamente contra ou a favor da saída do Reino Unido do bloco europeu.

Uma pesquisa que foi divulgada na semana passada, realizada pelo grupo Open Europe, mostrou que 203 parlamentares conservadores ainda não se decidiram sobre a questão. Outros 22 afirmaram que querem a saída dos britânicos, enquanto outros 47 se disseram inclinados a defender a saída. Apenas 14 declararam que vão defender a permanência.

Na semana passada, Nigel Lawson, que foi ministro das Finanças do governo de Margaret Thatcher e hoje integra a Câmara dos Lordes, anunciou que vai liderar a campanha “Conservadores pelo Reino Unido”, que prefere ver o país fora da União Europeia. Uma sondagem do instituto YouGov em setembro mostrou que 40% também querem isso, enquanto 38% defendem a permanência no bloco.

Imigração

Uma das questões que mais preocupa os britânicos é a imigração, principalmente neste momento de crise por causa do grande volume de refugiados sírios. Logo no primeiro dia da conferência, a ministra do Interior, Theresa May, afirmou que com o nível de imigração visto na última década, “é impossível construir uma sociedade coesa”. Ela disse que o Reino Unido não precisa de imigrantes e não ganha nada economicamente com isso.

May deve endurecer a política de imigração do país nos próximos anos e mudar também a política de garantia de asilo. Com o anúncio de Cameron de que ele vai deixar a liderança do partido no fim do mandato, ela é um dos nomes mais cotados para substituí-lo.

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