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Linha Direta

EUA são acusados de omissão diante da grave crise migratória na Europa

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Os números são assustadores: quase metade da população síria não tem mais casa onde morar. Pior, milhares morreram nos últimos quatro anos por conta da guerra civil e da expansão do Estado Islâmico no Oriente Médio. O êxodo de refugiados em direção à Europa já tem proporções épicas. Nos EUA, a revolta é com o silêncio do governo e da sociedade civil em relação à crise humanitária. No fim de semana, várias publicações americanas denunciaram o que acreditam ser uma condenável omissão, calcada na ideia de que “os refugiados são um problema dos países da Comunidade Europeia”.

Migrantes sírios cruzam a fronteira da Grécia com a Macedônia, no dia 8 de setembro.
Migrantes sírios cruzam a fronteira da Grécia com a Macedônia, no dia 8 de setembro. REUTERS/Yannis Behrakis
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

As maiores críticas são em relação à passividade do governo o presidente Barack Obama sobre uma crise humanitária de proporções globais. No entanto, a população norte-americana também está sendo condenada, especialmente pela falta sensibilidade ao drama dos refugiados, mesmo com a exposição de imagens impressionantes nos jornais, revistas e plataformas digitais.

Lá se vão quatro anos desde que Obama exigiu, em vão, a renúncia de Bashar Al-Assad do governo sírio e o fim imediato de agressões a manifestantes pró-democracia. Neste meio tempo, já são 4 milhões de refugiados e pelo menos 200 mil mortes de cidadãos sírios causadas por conflitos entre forças governistas, oposicionistas e do Estado Islâmico.

Os Estados Unidos só receberam 1.434 refugiados sírios, menos do que o Brasil, que abriu as portas para 2.200 pessoas, e muito, mas muito menos do que os 800 mil que a Alemanha prometeu receber.

Legado de Obama no Oriente Médio

Analistas acreditam que há o risco dessa omissão comprometer o legado do governo Obama no Oriente Médio, mesmo que o acordo nuclear com o Irã saia do papel. Para eles, assim como o ex-presidente norte-americano George Bush comprometeu a imagem dos Estados Unidos ao intervir de forma desastrosa na região, Obama será culpado justamente pelo oposto, ou seja, por não agir quando necessário.

O número de refugiados recebidos no país oriundos do Iraque e do Afeganistão, depois das respectivas invasões no governo Bush, seguiu ínfimo na Era Obama, inclusive no caso de cidadãos que trabalharam para as forças militares dos Estados Unidos. Muitos tiveram seus vistos de entrada no país recusados, apesar de sofrerem claro risco de vida em seus países de origem.

Já a decisão de Obama de não bombardear a Síria há quatro anos é apontada pelos republicanos como uma das principais razões para a ascensão do Estado Islâmico na região.

A crítica contaminou a corrida pela sucessão de Obama. Todos os candidatos republicanos batem duro no legado de Obama no Oriente Médio, visto como tímido e aquém do peso cultural, político e militar dos Estados Unidos.

Republicanos x democratas

Grupos evangélicos, afinados com os republicanos, defenderam a entrada no país de refugiados de origem cristã. Até Donald Trump, o candidato líder da direita, e inimigo declarado dos imigrantes clandestinos, disse que “no caso da Síria, é diferente, trata-se de uma tragédia, é preciso agir com rapidez”.

A democrata Hillary Clinton está em posição especialmente delicada, já que foi secretária de Estado, ou seja, justamente a comandante da política externa, no primeiro mandato de Obama, e tem tentado sair pela tangente, defendendo uma ‘iniciativa global’ comandada pela ONU para resolver o problema.

Novos passos

A Casa Branca, por sua vez, anunciou nesta terça-feira (8) que está estudando "novos passos" para ampliar a ajuda aos refugiados, incluindo receber de cinco a oito mil cidadãos sírios nos próximos anos. O governo americano faz ainda questão de lembrar que enviou US$ 4 bilhões em assistência humanitária para a região desde o início da crise síria, sendo o país que mais ajuda financeiramente a Turquia e a Jordânia, onde se encontram a maioria dos refugiados sírios.

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